Conheça os principais jatos comerciais da nova geração
A próxima década vai marcar a estreia de uma série de novos jatos comerciais de fabricantes de diferentes partes do mundo. Além de aeronaves reformuladas de grupos tradicionais, como Airbus e Boeing, outras empresas do setor aeroespacial também estão de olho no mercado, principalmente nas mudanças que vêm sendo exigidas dos aviões de nova geração.
A ordem é buscar soluções para reduzir o consumo de combustível dos motores e custos de manutenção, além de preocupações com menores níveis de ruídos e emissões de agentes poluentes. Quanto melhor a economia apresentada pelo fabricante, mais interessante pode ser seu produto para uma companhia aérea, que sempre busca formas de reduzir custos operacionais. Velocidades maiores, porém, ainda não são prioridade na aviação comercial, embora Richard Branson, dono do grupo Virgin, estude uma exceção…
Com a necessidade de aviões mais econômicos, a tendência é o emprego de aviões com no máximo dois motores. Essa mudança no mercado, que já está acontecendo, deve reduzir a poucas unidades os pedidos por grandes jatos, como o Boeing 747 e o gigante Airbus A380.
Por outro lado, a categoria dos chamados “jatos regionais”, na qual a Embraer lidera com os E-Jets, vai ficar bastante agitada nos próximos anos, com novidades da Bombardier e Mitsubishi. Já os modelos Boeing 737 e Airbus A320, os aviões comerciais mais vendidos da atualidade, enfim terão concorrentes: o Comac C919, da China, e o Irkut MC-21, da Rússia.
Conheça a seguir os aviões comerciais que devem dominar os céus nas próximas décadas:
Airbus A350-1000
Considerado o substituto definitivo do quadri-jato A340, o maior modelo da nova família A350 é o principal exemplo que os aviões de longo curso seguirão nos próximos anos. Enorme, mas impulsionado somente por dois motores de alta performance e baixo consumo, o A350-1000 poderá voar com mais de 400 passageiros em viagens intercontinentais de até 14.800 km.
Aeronaves de grande porte com dois motores estão ocupando o espaço dos quadrijatos (Airbus)
O A350-1000 é um widebody com 73,7 metros de comprimento e poderá decolar com peso máximo de 308 toneladas. Segundo a Airbus, a aeronave terá desempenho cerca de 25% mais eficiente comparado aos jatos do mesmo porte de gerações anteriores, além de controles totais por “fly-by-wire”. As primeiras entregas estão previstas para 2017. A companhia Latam Airlines será um dos primeiros clientes.
Boeing 737 MAX
Avião comercial mais vendido da história, o Boeing 737 está prestes a avançar para a nova geração, a série “MAX”. O destaque da aeronave são os novos motores “LEAP-1B”, da CFM International, que consomem até 13% menos combustível em relação ao 737 atual (a série “Next Generation”). Como consequência, o alcance do jato aumentou consideravelmente: de 750 km a 1.075 km a mais, de acordo com a versão do novo 737 (MAX 7, MAX 8 e MAX 9).
A nova geração do Boeing 737 apresenta bons números de eficiência (Boeing)
O 737 MAX ainda recebeu asas com winglets redesenhados, que segundo a Boeing ajudam na redução do consumo de combustível e melhoram a estabilidade do voo. O porte e capacidade da aeronave, porém, serão os mesmos. Também não será desta vez que o 737 vai adotar comandos fly-by-wire, item que consagrou seu principal concorrente, o Airbus A320. O novo jato da fabricante norte-americana está programado para entrar em operação até o final de 2017.
Irkut MC-21
A dupla Boeing 737 e Airbus A320 vai ganhar alguns concorrentes diretos nos próximos anos. Um deles é o projeto russo MC-21, uma família de aeronaves desenvolvidas pelo grupo estatal UAC (United Aircraft Corporation), formado pelas fabricantes Irkut e a lendária Yakovlev.
O jato russo Irkut MC-21 pode ser o rival que a Airbus e Boeing não têm há muito tempo (Irkut)
A série contempla três aeronaves com portes diferentes, no mesmo molde dos jatos ocidentais. O primeiro modelo, o MC-21-200, poderá ser configurado com 150 assentos, enquanto o maior aparelho da família, o MC-21-400, terá espaço para até 212 passageiros.
Um fato interessante será a opção de equipar a aeronave russa com motores de um fabricante ocidental, no caso a tradicional Pratt & Whitney, do Canadá – a outra opção são motores da russa Aviadvigatel. Essa medida pode atrair clientes em mercados tradicionais dos jatos Boeing e Airbus, que voam com esses motores.
Até o Brasil está envolvido no projeto desse avião, ou melhor, o estado do Paraná. O governo paranaense negocia com a fabricante russa a instalação de uma linha de montagem de componentes em Maringá.
O primeiro protótipo do MC-21 deve voar até o final deste ano e as primeiras entregas estão programadas para meados de 2018. A fabricante já recebeu mais de 230 encomendas pela aeronave.
Embraer E-Jet 2
Outro importante avião de nova geração na rampa de lançamento é a série E-Jets 2 da Embraer. Aeronave mais vendida do mundo na categoria de 90 a 130 assentos, o novo jato brasileiro já decolou e segue em fase de testes para entrar em operação no segundo semestre de 2018. O primeiro modelo a estrear será o E190 E2.
Além do E190-E2, a Embraer também trabalha nos novos modelos E175 e E195 (Embraer)
As novidades no projeto são os motores Pratt & Whitney da linha “Pure Power”, mais eficientes, e as asas foram redesenhadas, o que segundo a fabricante também ajuda na redução do consumo de combustível. A Embraer também completou a cadeia de controles da aeronave com comandos fly-by-wire – o controle do leme e elevadores ainda eram manuais.
Comparados aos modelos atuais da Embraer, o E-Jets 2 poderão voar por maiores distâncias e com mais passageiros: o modelo E195 E2 pode ser configurado com 144 assentos e tem autonomia prevista na casa dos 4.600 km. O “caçula” da série é o E175 E2, para 90 passageiros.
Mitsubishi MRJ
O “Mitsubishi Regional Jet” é o primeiro projeto japonês na aviação comercial desde a década de 1960, tempo do “desafortunado” turbo-hélice ANMC YS-11, avião com um dos piores currículos da história (dois modelos da antiga VASP caíram no Brasil, entre outros pelo mundo). Mas apesar do longo tempo fora desse ramo, a indústria japonesa parece ter feito a lição de casa.
O MRJ 90 completou recentemente seu primeiro voo; a aeronave chega ao mercado em 2017 (Mitsubishi)
Os jatos MRJ, já em fase de testes de voo, foram construídos seguindo o método mais avançado da atualidade: a fuselagem e asas são feitos de alumínio e compósitos de fibra de carbono. Já os comandos são fly-by-wire, também no “estado da arte”, e o motores são os Pratt & Whitney da linha “Pure Power”, os mesmos dos novos Embraer E-Jets.
O jato da Mitsubishi tem potencial para ser um duro concorrente do novo Embraer E170 E2, o menor modelo dos E-Jets 2, para 90 passageiros, com lançamento previsto para 2020.
Como os jatos da fabricante brasileira, o modelo japonês vai atender o mercado regional, sobretudo de rotas curtas: o MRJ90, com entregas previstas para 2017, tem capacidade para até 92 passageiros e alcance aproximado de 2.120 km. O outro modelo será o MRJ70, com capacidade para até 80 ocupantes e autonomia estimada de 1.900 km.
Bombardier S Series
Outra fabricante disposta a incomodar a Embraer na aviação regional é a canadense Bombardier Aerospace, que briga no segmento com os jato da nova família C Series. O projeto, porém, vem de uma sequência de problemas e atrasos, terminada somente neste ano. As primeiras entregas do CS100 começaram recentemente – a aeronave já voa com a SWISS.
O Bombardier CS100 pode ser configurado com até 130 assentos (Bombardier Aerospace)
O jato canadense apresenta uma interessante fórmula que o coloca entre os Embraer E190 e o Airbus A319. A primeira versão, o CS100, pode ser configurado com até 130 assentos, ao passo que a série CS300, ainda em desenvolvimento, poderá transportar 160 passageiros.
Apesar de todo atraso, o jato canadense tem boas credenciais: fuselagem e asas construídas com alumínio e fibra de carbono e comandos de voo computadorizados, o fly-by-wire. A Bombardier escolheu o motor da “moda”, o Pratt & Whitney Pure Power, também presente nos concorrentes “regionais” Mitsubishi MRJ e os Embraer E-Jets 2.
Boeing 777X
Outro grande avião bimotor que deve decretar o fim dos quadrijatos será o Boeing 777X, a nova e altamente reformulada geração “triple seven”. Com estreia prevista para meados de 2020, o widebody mais importante da Boeing vai incorporar as tecnologias do 787 “Dreamliner”, como os comandos computadorizados (fly-by-wire) e estruturas construídas com materiais compostos.
O Boeing 777X deve estrear em meados de 2020 (Boeing)
A aeronave americana, o principal rival do Airbus A350, será construída em duas versões, sendo a maior delas, o 777-900X, com espaço para até 425 poltronas e alcance superior a 16.000 km. Um dos destaques do novo 777 é o par de motores a jato General Eletric GE90, os maiores e mais potentes já desenvolvidos para um avião comercial na história.
Airbus A320neo
Principal produto da Airbus, a família A320 também foi renovada recentemente. A companhia alemã Lufthansa iniciou neste ano os primeiros voos comerciais do A320neo, nova geração do consagrado avião com soluções que reduziram o consumo de combustível em 15%, comparado a linha anterior. O nível de ruído do jato também foi reduzido em 15%, afirma a empresa.
O A320neo pode alcançar a velocidade máxima de 870 km/h (Airbus)
Outra novidade do A320neo está na ponta de suas das asas. O jato agora é equipado com “sharklets”(uma nova forma de winglet), dispositivos que ajudam a reduzir o arrasto aerodinâmico, reduzindo o “esforço” dos motores, que gastam menos. O equipamento, de acordo com a Airbus, também torna o voo da aeronave mais estável.
No Brasil, o A320neo já tem até fila de espera. Em novembro de 2014, a companhia Azul anunciou um pedido de 62 aeronaves e, em junho de 2015, a Avianca encomendou 63 unidades do jato de nova geração. Os aviões devem chegar ao país em lotes até 2023.
COMAC C919
A COMAC (Commercial Aircraft Corporation of China), fabricante estatal chinesa, programou para este ano a primeira decolagem do C919, jato comercial com o mesmo porte da dupla Boeing 737 e Airbus A320. O avião é uma das apostas da indústria chinesa para suprir a necessidade do mercado nacional, que deve crescer de forma vertiginosa nos próximos anos.
O jato chinês COMAC C919 vai concorrer com o Boeing 737 e o Airbus A320 (COMAC)
Segundo a fabricante chinesa, a versão básica do C919 pode acomodar até 168 passageiros. A Comac ainda sugere uma configuração de “alta densidade”, com 174 assentos. Já o alcance do modelo padrão é 4.075 km ou 5.500 km na versão de alcance estendido “C919 All ECO”, prevista para mais adiante.
O avião comercial chinês será impulsionado por motores da franco-americana CFM Internacional, uma joint-venture entre a GE Aviation e a Snecma. Com esse conjunto, a COMAC espera que a aeronave alcance a velocidade de cruzeiro de 830 km/h. O C919 ainda não tem uma data oficial de lançamento.
Boom
Desde a desativação do Concorde, em 2003, a aviação comercial “voltou no tempo” e as velocidades subsônicas. No entanto, o excêntrico empresário Richard Branson, dono do Grupo Virgin, quer retomar as viagens supersônicas, e com passagens a preços módicos.
Segundo estimativas, o Boom poderá transportar 40 passageiros a mais de 2.700 km/h (Boom Technology)
O diretor do conglomerado britânico recentemente investiu US$ 2 bilhões no desenvolvimento do jato comercial supersônico “Boom”, da start-up norte-americana Boom Technology. Os projetistas planejam criar uma aeronave para até 40 passageiros e com velocidade máxima estimada em mach 2,2, o equivalente a 2.715km/h.
A aeronave ainda não tem data para sair das pranchetas ou decolar. Mesmo assim, Branson já encomendou 10 unidades do que pode ser o próximo avião comercial supersônico.
Fonte: Airway UOL 06/06/2016