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SMS Brasil: há 10 anos contribuindo com a segurança operacional da aviação civil

Aprendizado e aprimoramento de todas as operações aéreas foram foco da 10ª edição

Nos dias 21 e 22 de outubro, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) realizou, em São Paulo (SP), a 10ª edição do Safety Management Summit Brazil (SMS Brasil) – evento que se consolidou como o principal fórum nacional dedicado à segurança operacional da aviação civil. A edição comemorativa reuniu especialistas, representantes de empresas aéreas, autoridades, pesquisadores e profissionais do setor para debater os avanços e desafios da área, reafirmando o compromisso do Brasil com uma cultura de segurança sólida e alinhada aos padrões internacionais. 

O SMS Brasil integra Programa de Segurança Operacional Específico para a Anac (PSOE) com o objetivo de disseminar conhecimento sobre o transporte aéreo e aproximar a Agência de seus diversos públicos — entre eles, profissionais, empresários, estudantes e entusiastas da aviação. A iniciativa também busca otimizar recursos e fortalecer a promoção da segurança operacional por meio de ações educativas e eventos técnicos. 

Na cerimônia de abertura, foi exibido um vídeo que resgatou a trajetória de uma década do evento e as suas contribuições para o setor. O diretor-presidente da Anac, Tiago Faierstein, destacou a importância da segurança como fundamento da aviação civil. “A aviação é um dos pilares do desenvolvimento nacional — conecta pessoas, encurta distâncias, movimenta a economia e salva vidas. Mas toda essa grandeza depende de um alicerce inegociável: a segurança operacional. O Brasil deu passos significativos na construção de uma cultura sólida, com foco na gestão de riscos, no fortalecimento da fiscalização e na formação de profissionais qualificados”, afirmou. 

Primeiro dia (21/10) – Fatores humanos, gestão de crises e inovação regulatória 

O primeiro dia do SMS Brasil 2025 trouxe uma série de painéis que exploraram as diferentes dimensões da segurança operacional na aviação. 

José Carlos Bruno, da empresa Human Energy, abriu as discussões com o tema “Fatores humanos: do que estamos falando, afinal?”. Ele destacou que os acidentes são “socialmente organizados e sistematicamente produzidos por estruturas sociais”. Carlos abordou o tema sob a perspectiva de que o comportamento do sistema deve ser o foco da organização. Segundo o especialista, quanto mais regras existirem, maior é o impacto na segurança, e, quanto mais complexo for o sistema, menor o efeito dessas regras.  

Na sequência, foi entregue a primeira edição do Prêmio Demoiselle, um reconhecimento a profissionais que contribuíram de forma relevante para a melhoria contínua da segurança operacional no país. O premiado foi o comandante-instrutor de Airbus A320 da Latam Airlines Marcelo Marcusso. Com mais de duas décadas de trabalho na aviação, ele integrou as atividades de voo e de gestão nas áreas de Segurança Operacional e Operações de Voo. Ele recebeu o reconhecimento por sua atuação à frente do Grupo Brasileiro de Segurança Operacional da Aviação Comercial (BCAST) e pelas relevantes contribuições para a melhoria contínua da segurança operacional no País. 

Os destaques do dia também incluíram apresentações sobre vigilância por filmagem em exames de pilotos, conduzida pelo gerente de Exames de Pessoal da Anac, Marcus Vinícius, e sobre a mitigação de colisões e toques de cauda em aeronaves comerciais, com o gerente de Segurança da Aviação da Boeing para América Latina e Caribe, Fábio Catani. 

A ouvidora da Anac, Cristina Vilasboas, apresentou o painel “Registros de ouvidoria: participação dos cidadãos e segurança”. A servidora enfatizou que a confiança do público é essencial para fortalecer a cultura de segurança. “É fundamental que o usuário tenha confiança no processo, pra que possa denunciar com a certeza que será ouvido e que sua identidade será protegida”, destacou. 

Um dos momentos mais debatidos foi o painel “Gestão de crises para o público”, com a gerente de Resposta a Emergências da Latam, Waleska Fortini, e o gestor de Segurança Operacional do Aeroporto de Guarulhos, Tales Pucci, com a moderação do superintendente de Inteligência e Ação Fiscal da Anac, Claudio Ianelli. Waleska ressaltou que “pressão não é a inimiga, mas a falta de preparo é”, enquanto Tales falou sobre a importância da cultura organizacional e da segurança psicológica dos profissionais em momentos críticos das operações. 

No painel sobre Regulação Responsiva, o gerente de Operações da Aviação Geral da superintendência de Padrões Operacionais da Anac, Fábio Fagundes, apresentou o modelo que moderniza o processo sancionador e amplia o diálogo entre regulador e regulados, fortalecendo a conformidade regulatória e a atuação preventiva da Agência. 

Também foram debatidos temas como o Gerenciamento de Recursos da Tripulação (CRM), apresentado pelo especialista em regulação da superintendência de Padrões Operacionais da Anac João Pedro;e implementação do SGSO nas organizações de manutenção, com o gerente de Garantia da Qualidade da APS Serviços Aeronáuticos Regers Vidor, e o representante da Embraer, Salmir Dias Junior, com moderação do coordenador da superintendência de Padrões Operacionais da Anac Wenderson Pires. “O objetivo não é a perfeição, mas construir um sistema que fique mais seguro a cada aprendizado”, observou Salmir. 

Encerrando o primeiro dia o coordenador da Assessoria de Segurança Operacional da Anac, Ronaldo Gamermann,  apresentou a iniciativa “Aprendendo com todas as operações”. Inspirada na Flight Safety Foundation, propõe uma abordagem proativa: aprender também com o que dá certo. Abordou a necessidade de se aprimorar a análise de risco fazendo a gestão no dia a dia, observando o que acontece na linha de frente das operações aéreas, e as necessidades que precisam ser adaptadas para trazer maior segurança para o sistema de aviação. 

Segundo dia (22/1) – Cultura, tecnologia e cooperação internacional 

O segundo dia foi aberto pelo diretor Antônio Mathias Moreira, que reafirmou o compromisso da Anac com a promoção da segurança operacional. “Tecnologia só gera valor com processos bem definidos e comportamentos alinhados. A cultura vem antes da ferramenta”, destacou em sua fala de abertura do segundo dia do evento. 

O painel “Runway Safety: soluções tecnológicas, equipamentos e procedimentos”, foi moderado pelo superintendente de Infraestrutura Aeroportuária da Anac, Giovano Palma. Participaram o, diretor de Operações da Concessionaria Rio Galeão, Dimas Salvia; o, gerente de Segurança Operacional da Motiva Aeroportos, Eduardo Ulyssea; opresidente do BCAST e diretor de Qualidade e Segurança da Azul Linhas Aéreas, Renato Achoa; o diretor de Operações da Fraport Brasil, Edgar Nogueira, e o Coronel Fabio Lourenço Barbosa, do Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Todos enfatizaram a importância da colaboração entre as instituições para garantir operações aéreas mais seguras. 

Na sequência, o painel “Operando aeronaves leves esportivas para instrução” apresentou experiências de escolas e fabricantes nacionais, com destaque para a fala do gerente técnico da superintendência de Aeronavegabilidade da Anac Nelson Nagamine, que abordou aeronaves adaptadas para pessoas com deficiência. Participaram do painel Ivan Sena Carvalho, da Safe Escola de Aviação; o engenheiro aeronáutico da Montaer Aeronaves Bruno de Oliveira; e o gerente técnico da superintendência de Pessoal da Aviação Civil da Anac Pedro Di Donato. 

O painel internacional sobre UPRT (Upset Prevention & Recovery Training) reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros para discutir a importância desse treinamento na prevenção de acidentes, criado pelo Dr. Sunjoo, representante da International Development of Tecnology, que palestrou sobre o tema. “Compliance não é garantia de segurança. Eu acho que mais do que treinamento é necessário, é necessário melhoras as capacidades e habilidades de forma cooperativa entre autoridades, profissionais e as empresas aéreas”, destacou Dr. Sunjoo.  

Outro destaque foi o painel sobre Cultura de Segurança Operacional no compartilhamento de aeroportos: asas fixa e rotativa, o gerente técnico da superintendência de Infraestrutura Aeroportuária da Anac Victor Freire, que apresentou o Guia de Boas Práticas para Operações de Helicópteros em Aeroportos e o Manual de Orientações de Infraestrutura de Helipontos, ambos elaborados pela Agência. 

O Tenente-Coronel Thiago Alexandre Lirio, do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), apresentou a nova NSCA 3-13, norma que trata dos protocolos de investigação de ocorrências aeronáuticas da aviação civil. 

A palestra “Safety Culture” encerrou os debates, com o diretor regional de Segurança Operacional para América Latina e Caribe da Airbus, Santiago Saltos, que trouxe uma visão global sobre a evolução da segurança operacional e ressaltou a importância da colaboração entre todos os atores do sistema aéreo. 

O encerramento foi conduzido pelo chefe da Assessoria de Segurança Operacional da Anac, Bernardo Castro. Ele destacou a importância da atuação conjunta para o fortalecimento contínuo da segurança operacional na aviação brasileira. “O SMS Brasil mostra que a segurança é resultado do aprendizado coletivo, da troca de experiências e do compromisso de todos com a melhoria contínua”, concluiu. 

Assista ao vídeo comemorativo dos 10 anos do SMS Brasil.

Fonte
ANAC

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