O mercado de aviação comercial do Peru registrou uma demanda total de 23 milhões de passageiros em 2023, 16,6% a mais do que em 2022, mas ainda está 3% abaixo de seus níveis pré-pandêmicos, ficando atrás dos países vizinhos, destaca o Peru Aviation Insight, um resumo estatístico do mercado de aviação civil peruano, produzido pela Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (ALTA) com dados da autoridade de aviação civil, de companhias aéreas e do Amadeus Travel Intelligence.
“Nos últimos 15 anos, o tráfego de passageiros do país quase triplicou. Seu potencial é enorme, mas medidas fortes e ágeis devem ser tomadas para atender à demanda latente”, diz José Ricardo Botelho, diretor executivo e CEO da ALTA.
Para ser mais competitivo, o país deve, entre outros fatores, revisar os custos operacionais, que agora são consideravelmente mais altos do que os principais mercados da região, como Chile, Brasil, México e Panamá, diz Botelho.
O Peru se posicionou como o sexto maior mercado de aviação da América Latina em termos de assentos-quilômetros disponíveis (ASK), representando 4,5% da capacidade total da região.
Em 2023, o país andino tinha uma capacidade total de 28,4 milhões de assentos. Transportou 13,7 milhões de pessoas no mercado doméstico, incidindo em uma média anual de 9,4%. Internacionalmente, desde 2009, o mercado cresceu em torno de 4,5% ao ano, atingindo 9,4 milhões de passageiros em 2023, um aumento de 24,2% em relação ao ano anterior.
“Esse crescimento representa uma importante contribuição para a economia do país, pois a aviação é um poderoso motor que gera empregos diretos, indiretos e induzidos, oportunidades de desenvolvimento social e econômico e aproxima as pessoas da beleza do Peru. Em 2023, 2,5 milhões de turistas internacionais visitaram o Peru, sendo que mais de 62% deles chegaram por via aérea. Devemos trabalhar juntos – setor e autoridades – para garantir as bases para atrair mais pessoas para esta preciosidade da América do Sul”, comenta Botelho.
O relatório detalha que outubro foi o mês com o maior tráfego de passageiros internacionais, com mais de 847.000 passageiros, enquanto julho teve o maior fator de ocupação, com 84%.
No entanto, o tráfego aéreo do Peru ainda está atrasado. Um dos motivos são os custos operacionais, pois uma operação internacional no Peru é significativamente mais cara do que no Brasil e no Chile, o que afeta diretamente a estrutura de despesas das companhias aéreas.
“Enquanto no Peru custa US$ 866 para um retorno de duas horas em uma aeronave de fuselagem estreita com peso máximo de decolagem (MTOW) de 78 toneladas, no Brasil, o custo é de US$ 579. Essa diferença de preço destaca o maior ônus financeiro enfrentado pelas operações das companhias aéreas no país inca, em comparação com seus pares regionais, o que pode influenciar as decisões estratégicas no setor aéreo”, explica José Ricardo Botelho.
Além dos altos custos operacionais, os impostos e taxas de passageiros no Peru, tanto para passagens domésticas quanto internacionais, contribuem significativamente para o alto custo do serviço aéreo, desestimulando a demanda de passageiros, diz o relatório da ALTA.
“Em comparação com outros países, o Peru se destaca por ter um dos níveis mais altos de impostos e taxas para voos internacionais. Nos voos domésticos, mais de 30% do preço final da passagem é composto por esses encargos adicionais. Esse cenário não apenas afeta a acessibilidade do transporte aéreo para os cidadãos, mas também tem repercussões negativas no turismo e na economia local”, acrescenta Botelho.
Para melhorar esses aspectos, argumenta o CEO da ALTA, é necessário analisar detalhadamente as políticas e regulamentações governamentais do setor, bem como considerar reformas para melhorar a competitividade e a acessibilidade do transporte aéreo do Peru, um processo no qual a ALTA pode colaborar.
“Saudamos o desenvolvimento pela ALTA do relatório ‘Peru Aviation Insight’, que é bastante completo em relação à evolução do transporte aéreo em nosso país, que servirá como referência obrigatória para as análises a serem realizada. E mais ainda o desenvolvimento em detalhes dos desafios que temos pela frente para melhorar a conectividade, bem como para recuperar o que ainda nos falta em termos de tráfego em 2019, já que, tendo passado mais de 4 anos desde o início da pandemia, ainda estamos muito atrás dos países concorrentes. Além disso, também há desafios no campo regulatório com o impacto das taxas e impostos no custo das passagens, o que nos coloca em terceiro lugar entre os países da região com maior impacto nessa área, afetando nossa competitividade, bem como no campo da infraestrutura em nível nacional, que está muito atrasado. Ainda há um longo caminho a percorrer para tornar a aviação acessível a mais pessoas, a preços que permitam isso, expandindo a conectividade, e este relatório será uma ferramenta muito útil para atingir esses objetivos”, afirmou Carlos Gutierrez, Gerente General AETAI.
Lima é o centro do tráfego aéreo
O Aeroporto Internacional de Lima foi o terminal aéreo de crescimento mais rápido no Peru em termos de capacidade de assentos e passageiros embarcados em 2023. Ele registrou 16,3 milhões de assentos disponíveis (791.000 adicionais) e 13,2 milhões de passageiros (1,4 milhão adicionais) em comparação com 2022, diz o Peru Aviation Insight.
Esse aeroporto também foi o de melhor desempenho no mercado doméstico do Peru, seguido pelo Aeroporto Internacional de Cuzco, com 3,7 milhões de assentos e 3 milhões de passageiros em 2023. De fato, durante todo o ano passado, Lima foi o principal hub para viajantes internacionais de e para o Peru, com mais de 472.000 passageiros em conexão durante o ano.
De fato, Lima – Santiago do Chile foi o par de cidades mais movimentado no mercado internacional do Peru, com 1,3 milhão de passageiros e 1,7 milhão de assentos oferecidos em 2023. A rota teve um fator de ocupação de 73%. Em termos de capacidade internacional, 69% consistiram em tráfego na América Latina e no Caribe.
A América do Norte foi o maior mercado extra-regional de e para o Peru, com mais de 2,2 milhões de assentos em 2023. Ela foi responsável por 19% da capacidade total de assentos internacionais do Peru.
“É interessante observar que o Aeroporto Internacional Jorge Chávez (LIM) é o quinto aeroporto que mais movimenta passageiros em conexão na América Latina e no Caribe, depois de PTY, GRU, BOG e MEX, com uma média de 5 mil passageiros em conexão internacional por dia. Seu papel nas conexões intra-regionais é particularmente importante, mas ainda há muitas oportunidades de melhoria na infraestrutura aérea. Especificamente, de acordo com os resultados do mais recente Índice de Competitividade ALTA-Amadeus, para o pilar de infraestrutura, o Peru ocupa a 18ª posição entre os 20 países avaliados”, destaca o CEO da ALTA.
A recente falha no sistema de iluminação da pista, que levou ao fechamento total das operações do aeroporto por 10 horas, afetou mais de 200 voos e milhares de passageiros foram desviados para outras bases. A esse respeito, a ALTA, uma organização sem fins lucrativos a serviço do desenvolvimento do transporte aéreo na região, fez um forte apelo às autoridades aeronáuticas e aeroportuárias peruanas para que fortaleçam a colaboração técnica entre todos os atores públicos e privados para garantir não apenas os avanços necessários na infraestrutura, mas também planos de contingência eficazes para possíveis eventos futuros.
No mais recente ALTA – Amadeus Índice de Competitividade, o Peru ficou em décimo oitavo lugar em termos de infraestrutura de transporte aéreo. Isso ocorre porque mais de 60% de seus voos operam em aeroportos congestionados, o que limita o crescimento.
“O investimento público nesse setor tem sido baixo nos últimos anos, com apenas 0,08% do PIB investido em média. Esse investimento limitado afeta negativamente a expansão e a modernização dos aeroportos peruanos. Há uma necessidade urgente de aumentar os recursos e melhorar a gestão para aprimorar o desenvolvimento do transporte aéreo no país”, diz Botelho.
No Peru, a aviação contribui com mais de US$ 1,4 bilhão para a economia nacional e mais de 36.000 empregos diretos. “Juntos, podemos pavimentar o caminho para um crescimento eficiente e sustentável que gere benefícios para o país e garanta um serviço essencial para milhares de pessoas”, diz o CEO da ALTA, que lembra que a aviação é uma força motriz para a economia nacional e regional.