O impacto do Brexit na indústria aeronáutica europeia
A francesa Safran, uma das principais fabricantes de componentes aeronáuticos do mundo, está fazendo um planejamento contingencial diante do impacto do Brexit. O fabricante teme que a saída do Reino Unido da União Europeia traga um profundo impacto na cadeia de suprimentos causada pela eminente divergência entre as regulamentações britânicas e europeias.
A companhia considera o tempo de transição proposto pelas autoridades muito curto para negociar novos tratados, além de acreditar que um Brexit rígido, onde podem ser aplicadas as regras da Organização Mundial do Comércio, não deve ser descartado. Além disso, a declaração da Primeira Ministra britânica, Theresa May, de que o Reino Unido não vai se unir a uma união alfandegária com a União Europeia após o Brexit, elevou a preocupação da Safran, cujas atividades britânicas incluem a produção de trens de pouso e transmissões para aeronaves à jato.
Todavia, o governo britânico parece disposto a permanecer como membro de instituições especiais europeias, como a EASA (European Aviation Safety Agency), o que permitiria a continuação de operações fabris diversas, sem a necessidade de uma nova regulamentação. O fato se mostra favorável a produção do motor LEAP, produzido em cooperação entre a Safran e a GE Aviation.
O temor da indústria aeronáutica em geral é que as possíveis divergências regulamentares se tornem “risco-chave” do futuro de empresas instaladas no Reino Unido. Embora as autoridades britânicas afirmem que serão mantidos os acordos com agencias europeias, pressões políticas podem forçar Londres adotar um modelo particular, visando atender interesses locais. Esse cenário de divergência das regulamentações pode dificultar o trabalho conjunto entre empresas europeias e britânicas.
A repatriação de instalações fabris e de engenharia, por ora, é descartada pela Safran. Tal medida só ocorreria no caso de um rígido Brexit, mas envolveria inicialmente apenas a transferência de operações que não exijam grandes investimentos.
Os envolvidos na indústria aeronáutica estão cobrando May por uma posição mais transparente com relação as operações internacionais. Embora o acordo de 1980 tenha isentado a taxação de peças e componentes aeroespaciais, o aumento na burocracia assusta as companhias fornecedoras de peças.
A Airbus, que fabrica as asas de seus aviões no Reino Unidos, declarou que talvez teria de estocar peças para enfrentar potenciais distorções quando Londres concluir a saída da União Europeia.
Fonte: Aeromagazine 29/03/2018