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Emergentes provocam queda em demanda por jatos de luxo

Os gastos globais de longo prazo com jatos privados estão começando a diminuir pela primeira vez desde 2009, com a queda dos preços das commodities reduzindo a demanda nos mercados emergentes, de acordo com previsões da indústria.

As entregas previstas para os próximos 11 anos, até 2025, estão avaliadas em US $ 270 bilhões, afirmou a Honeywell International neste domingo em sua pesquisa anual do mercado de aviões de luxo. Isso representa uma queda de 3,6 por cento em comparação com projeções do ano passado, e uma ruptura da sequência de lucro desde o fim da última recessão nos Estados Unidos.

O declínio reflete a fraqueza no Brasil, Rússia, Índia e China, o grupo conhecido como os países do BRIC, e o impacto dos conflitos políticos no Oriente Médio e na África, de acordo com Brian Sill, chefe de negócios da Honeywell e da unidade de aviação geral. Atrasos em alguns novos modelos de avião também estão fazendo com que demanda caia, afirmou.

“O tema da calmaria continua”, disse Sill. “Um pouco do vento contrário que vemos nos países do BRIC estão sendo compensados pela América do Norte, que continua forte.”

A Honeywell, fabricante de pequenos motores de jatos e aviônicos, divulgou os resultados na feira anual da National Business Aviation Association em Las Vegas, maior fórum anual da indústria. As vendas de jatos vão cair 2,6 por cento, chegando a 9.200 aviões, de acordo com a Honeywell, cuja previsão apresentava flutuações nas entregas, mas não uma queda no preço de tabela dos aviões nos anos pós-recessão. Aviões maiores que tinham liderado a recuperação agora estão vendo um crescimento mais lento.

Essas aeronaves, incluindo Gulfstream G550 e Global 6000 da Bombardier, eram as favoritas dos executivos de empresas em mercados emergentes, obrigados a voar longas distâncias até centros financeiros como Nova York e Londres.

A desaceleração econômica da China – a expansão no terceiro trimestre de 6,9 por cento foi a menor desde 2009 – teve um efeito de queda na demanda de jatos em toda a Ásia, disse Charles Park, diretor de análise e planejamento de marketing da unidade aeroespacial da Honeywell. Um plano de austeridade do governo e repressão contra a corrupção também prejudicaram as vendas na região, afirmou.

Lentidão na Europa

A Europa está fazendo água como a região com menor crescimento econômico e moedas fracas, enquanto a América Latina mostrou uma força surpreendente, com base nos planos dos gestores de frotas de comprar jatos, disse Park. O México, maior mercado de jatos privados da região, está impulsionando a demanda, afirmou.

Os compradores dos EUA estão aparecendo como mais cruciais para os fabricantes como Embraer e o Cessna da Textron. Os EUA respondem por cerca de 80 por cento das vendas do Cessna, afirmou Kriya Shortt, diretor de vendas e marketing da Textron. Na Embraer, cerca de 70 por cento das vendas foram para os EUA este ano, em comparação com menos de 60 por cento em 2014.

“Os EUA representam uma parcela maior de oportunidades”, disse Luciano Froes, Diretor de Marketing de Jatos da Embraer, Luciano Froes, em entrevista telefônica. “É um mercado que está muito propenso a aviões com cabines de médio porte e super-médio porte, e estamos bem posicionados nesse setor.”

As vendas deste ano provavelmente serão entre 675 e 725 aeronaves, excluindo os aviões convertidos e aeronaves básicas, disse a Honeywell. Isso provavelmente vai cair no próximo ano, afirmou Park, antes da chegada de novos modelos, como o Falcon 5X da Dassault Aviation, o G500 da Gulfstream e o Global 7000 da Bombardier, em 2017 e 2018, segundo Park. A indústria atingiu o pico em 2008 com 1.136 aviões entregues.

“Estamos mantendo o esforço”, afirmou Janine Iannarelli, presidenta do Par Avion, uma corretora de aviões com sede em Houston. “Há falta de compradores, as atividades são limitadas e os preços estão sempre sendo corrigidos.”

Fonte: Uol Economia (16/11/2015)

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