Bombardier está pronta para reduzir desconto de jato C Series
A Bombardier disse estar pronta para restringir uma política de descontos que ajudou a garantir contratos vitais para seu combalido jato C Series com a Delta Air Lines e a Air Canada.
“Está claro que adotamos uma posição mais agressiva para as encomendas recentes”, disse Alain Bellemare, CEO da Bombardier, em entrevista, em Dublin, acrescentando que o C Series atualmente está “no estágio certo” para uma abordagem com margens maiores em suas campanhas de vendas.
“Queremos manter o valor comercial para os clientes e, ao mesmo tempo, manter a responsabilidade por gerenciar nosso negócio de forma apropriada”, disse ele. “Isso nos dá um pouco mais de flexibilidade”.
No ano passado, a Bombardier sinalizou nova disposição a oferecer descontos maiores para o C Series na tentativa de acabar com a falta de encomendas e ajudar o modelo a competir com aviões da série 737, da Boeing, e da linha A320, da Airbus.
A mudança ajudou a fabricante a fechar uma pré-encomenda de pelo menos 45 aviões CS300 com a Air Canada em fevereiro, e um acordo com a Delta, em abril, para a compra de pelo menos 75 aeronaves CS100, de menor porte, avaliadas em US$ 5,6 bilhões, pelo preço de tabela.
Preocupação da Embraer
O acordo com a empresa americana rendeu ao programa, atrasado e com o orçamento estourado, seu maior cliente até o momento e, com ele, a Bombardier terá cumprido a meta de atingir pelo menos 300 compromissos firmes pelo C Series até o momento em que ele entrar em serviço, no terceiro trimestre.
O diretor comercial da Embraer, John Slattery, disse em Dublin que o acordo com a Delta tem pesado sobre as expectativas de preços das empresas aéreas por aviões similares, o que inclui as atualizações “E2” da família de jatos E da empresa brasileira.
“Esse tipo de número que está sendo discutido, nível no qual a Delta talvez tenha adquirido suas aeronaves, está fazendo as empresas aéreas analisarem qual o significado disso para o mercado”, disse Slattery, que, assim como Bellemare, falou antes da reunião anual da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).
Slattery disse que o contrato oneroso de US$ 500 milhões adicionado à lista de encomendas da Bombardier “nos levaria a acreditar que a aeronave foi altamente subsidiada” e que a Embraer está avaliando todas as opções abertas a respeito na Organização Mundial do Comércio.
Bellemare disse que as negociações entre a Bombardier e o governo do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, a respeito da participação federal no resgate da empresa continua em andamento.
O governo pediu que a família fundadora da Bombardier flexibilize o controle e emita US$ 1 bilhão em novas ações como contrapartida para somar-se à província de Quebec no apoio à fabricante, disseram pessoas familiarizadas com o plano no mês passado.
Fonte: Bloomberg 01/06/2016