Aviação compartilhada investe para atrair donos de aviões
As duas maiores empresas de compartilhamento de aeronaves do país, a Prime Fraction Club e a Avantto, ampliaram investimentos em infraestrutura e ações comerciais para atrair clientes que estão com dificuldades para manter avião ou helicóptero particular por causa da crise econômica brasileira.
As duas companhias apontam que a definição do quadro político no país e eventos comerciais — como a feira anual da aviação executiva Labace, que começou na terça, 30 de agosto, e termina amanhã, 1º de setembro, em São Paulo — devem estimular vendas nesse segmento. Na propriedade compartilhada, cada aeronave tem a propriedade dividida por cotistas, que revezam a utilização do ativo, em vez de um único dono.
Esse segmento responde por menos de 2% dos 14 mil aviões e helicópteros de uso particular no Brasil.
Segundo dados divulgados semana passada pela Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), a quantidade de aeronaves particulares no Brasil subiu para 15,3 mil unidades em 2015, de 15,12 mil em 2014. Mas o valor estimado da frota caiu 5%, para US$ 12,1 bilhões.
“Tem muita gente querendo fazer negócio, mas ainda teme uma reviravolta política”, disse o presidente da Prime Fraction Club, Marcus Matta. O impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff está sendo votado hoje no Senado. A empresa investiu nos últimos doze meses R$ 1 milhão em um novo hangar, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
“Antecipamos o investimento para estar preparados para a demanda que deverá vir já a partir no fim de 2016 e retomada mais forte em 2017”, afirmou o executivo da Prime, que tem uma frota de doze aeronaves — metade de aviões e metade de helicópteros —, detidos por 45 cotistas.
O executivo disse que os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro mais atrapalharam que ajudaram o setor, porque o espaço aéreo na cidade ficou mais restrito durante o evento. “Muitos clientes cancelaram agendas durante agosto”, disse Matta.
Já a concorrente Avantto, que soma 54 aeronaves, planeja atrair novos cotistas na Labace, a feira anual brasileira da aviação executiva. A empresa comprou um espaço de 300 metros quadrados no evento para expor parte da frota.
Segundo o presidente da Avantto, Rogério Andrade, a empresa especializada na administração de jatos e helicópteros, tem perspectivas de crescimento de 15% em 2016, se conseguir aumentar o número de jatos e helicópteros compartilhados. “Muitos dos detentores de aeronaves próprias estão migrando para o modelo do compartilhamento”, afirma o executivo.
A Labace está com 130 marcas em exposição, abaixo das 146 presentes em 2015. O número de aeronaves expostas também menor – são 43 modelos, ante 50 unidades em 2015; 64 em 2014; 67 em 2013; e 70 em 2012, ano em que a feira bateu o pico de movimentação e negócios.
Fonte: Valor 01/09/2016