Aeroportos ganham investimentos e ampliam serviço após concessão
O passageiro que desembarcar no Rio de Janeiro pelo aeroporto do Galeão durante os Jogos Olímpicos terá uma experiência radicalmente oposta à de pouco mais de dois anos atrás, quando, em dias de chuva, era comum se deparar com baldes de plástico sob goteiras no terminal.
Realidade no aeroporto de Guarulhos, o controle de passaporte eletrônico com identificação por meio de reconhecimento biométrico, juntamente com leitores de código de barras no acesso à área de embarque, acabam de ser inaugurados no Galeão, com a entrada em operação do novo Píer Sul.
Motivada pela necessidade de modernização dos aeroportos para a Copa e a Olimpíada, a concessão à iniciativa privada transformou a infraestrutura dos aeroportos do país, que carecia de recursos para fazer frente ao crescimento da demanda.
Entre 2003 e 2011, período em que o setor crescia em média de 10% ao ano, os cerca de 60 aeroportos que compunham a rede da Infraero, à época, receberam R$ 7,351 bilhões de investimentos públicos. Em apenas quatro anos, as concessões já injetaram mais de R$ 11 bilhões em ampliações e melhorias nos seis aeroportos concedidos -São Gonçalo do Amarante, Guarulhos, Campinas, Brasília, Galeão e Confins.
Outros R$ 16 bilhões devem ser investidos nos mesmos aeroportos até o final do período de concessão, que varia de 20 a 30 anos, dependendo do aeroporto.
“Os aeroportos demandam investimentos constantes de atualização, sobretudo na área de tecnologia e segurança. E o governo não consegue ser rápido na resposta. Com as concessões, a tendência é manter a qualidade e seguir melhorando sempre”, disse André Soutelino, advogado especialista em aviação.
Além de agilizar o fluxo de passageiros, as melhorias nos aeroportos concedidos incluem coisas básicas, como a ampliação e reforma de banheiros, e a abertura de novos estacionamentos, itens que lideravam as queixas quando a gestão era exclusiva da Infraero. Também viabilizaram a instalação de câmeras de segurança e controles de acesso mais restritivos, que ajudam a reduzir os furtos de bagagem, outro ponto crítico antes da privatização.
O RIOgaleão tinha a obrigação de adquirir 26 novas pontes de embarque, mas acabou substituindo todas as 32 existentes, muitas das quais estavam sucateadas.
O aeroporto do Rio é também o primeiro da América do Sul a receber certificação para controlar a movimentação no pátio de aeronaves. Hoje, isso é feito pela torre de controle, que se ocupa também do pouso e da decolagem. Em momentos de pico, as atenções da torre se concentram no pouso ou decolagem e a movimentação de táxi fica em segundo plano.
POUSOS E DECOLAGENS
No Brasil, a torre é controlada pela Aeronáutica e ou pela Infraero. Ao assumir a gestão do pátio, o aeroporto consegue otimizar melhor a distribuição nos portões de embarque, reduzindo voos em posição remota.
“Vamos fazer a locação adequada e não vai mais precisar ficar mudando de portão toda hora. Assumir a gestão do pátio agrega bastante eficiência e segurança para a operação”, disse o presidente do RIOgaleão, Luiz Rocha.
PUBLICO X PRIVADO
Investimento público no setor de aeroportos brasileiros antes da privatização
De 2003 a 2011
R$ 7,351 bilhões (média anual de R$ 816,8 milhões)
Investimento das concessionárias dos principais aeroportos concedidos
GUARULHOS (desde dez 2012)
R$ 3,9 bilhões
GALEÃO (desde 2014)
R$ 2 bilhões
VIRACOPOS (desde dez 2012)
R$ 3 bilhões
BRASÍLIA (desde dez 2012)
R$ 1,2 bilhão
Fonte: Folha de S. Paulo 30/06/2016