Sindag anuncia necessidade de gasolina de aviação
O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) enviou ofício à direção da Petrobras solicitando informações e cobrando providências para a falta de gasolina de aviação (avgas) verificada desde dezembro em distribuidoras de todo o País.
A preocupação é que a escassez de combustível está ocorrendo em um período de tratamentos importantes para lavouras estratégicas para a economia do País, como soja, cana-de-açúcar e arroz. Todas altamente dependentes da aviação agrícola. O Brasil tem a segunda maior frota aeroagrícola do mundo.
No quadro geral, dos 2.115 aviões, segundo dados da Anac, dos quais cerca de metade voa a avgas. Outros 35% utilizam etanol e 15% são turboélices movidos a querosene de aviação.
O quadro mais preocupante está no Rio Grande do Sul, Estado com a segunda maior frota aeroagrícola do Brasil (427 aviões) e onde boa parte das aeronaves é movida a avgas – e onde há operadores com combustível para voar somente até o final da semana.
O Estado é o terceiro maior produtor nacional de soja e responde por 70% do arroz produzido no País. No caso da soja, são 5,78 milhões de hectares que estão agora na fase de fungicida preventivo para doenças como a ferrugem asiática (que pode eliminar uma lavoura inteira em cinco dias).
No arroz, são cerca de 1 milhão de hectares em etapas de adubação por cobertura e aplicação de fungicida. Com um detalhe: como é irrigada, é praticamente impossível substituir a aplicação aérea pela terrestre, mesmo em lavouras menores e considerando as perdas por amassamento e os maiores número de dias e gasto de água nas operações.
SÃO PAULO
A situação só não é pior porque parte da frota aeroagrícola brasileira (que é a segunda maior do mundo) é movida a etanol. Especialmente em São Paulo (que tem 312 aeronaves agrícolas), onde está 80% da produção de cana-de-açúcar do País e o maior número de usinas.
Mas mesmo no território paulista o desabastecimento de avgas deve trazer consequências. Com a falta de gasolina de aviação nas distribuidoras, onde o litro do produto sai por R$ 5,5 o litro, alguns operadores chegam a parar ou precisam apelar para os aeroportos regionais, pegando um pouco em cada um (para não prejudicar a aviação geral) e chegando a pagar 9 reais o litro de avgas.
O quadro também preocupa no Mato Grosso – que tem a maior frota (464 aeronaves) e maior produção nacional de grãos de grãos – e outros Estados.
REFINARIA
A única produtora de avgas no Brasil é a Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão/SP. Segundo informações repassadas aos empresários aeroagrícolas por distribuidores de combustíveis, a escassez estaria sendo causada por uma parada programada para manutenção na linha que atende a aviação.
Em virtude disso, a Petrobras estaria importando avgas desde o final de novembro e os trâmites burocráticos para o desembarque de cargas estaria provocando o desabastecimento. O mesmo problema já tinha ocorrido em janeiro de 2010, também em plena safra e atingindo em cheio a aviação agrícola.
Na época, o Sindag oficiou à Anac e à Petrobras reclamando do problema e a Petrobras respondeu prometendo regularizar logo. Na ocasião, a o motivo alegado tinha sido a impossibilidade momentânea de realização no Brasil dos testes necessários para certificar a qualidade da batelada (carga de combustível refinada).
A Petrobras disse na época que teve que enviar amostra para testes nos Estados Unidos e os trâmites legais para os ensaios acabaram atrasando a liberação do combustível que já estava pronto nos tanques da refinaria.
Fonte: DefesaNet 09/01/2019