Indústria

Segmento de ground handling busca em Bali novo modelo para o setor

Entre os dias 1.° e 4 de março, acontece, em Bali, a 9.ª Conferência Internacional de Ground Handling da Ásia, evento que vai substituir o encontro mundial, programado para Paris no segundo semestre do ano passado e cancelado em função dos atentados. Lá estarão quase 400 delegações de todo o mundo, interessadas nas conferências um a um, na exposição dos fornecedores e nas oportunidades de network. A delegação brasileira estará sendo representanda pela Abesata (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Auxiliares do Transporte Aéreo) e embarca com uma missão especial: verificar como se dá no mundo a relação entre os operadores aeroportuários – privados e públicos – e as empresas de serviços auxiliares, em busca de um modelo para o Brasil. 

“Até 2009, tínhamos a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) como responsável pelo processo de habilitação das ESATAs (empresas auxiliares do transporte aéreo) no mercado. Na busca de enxugar o Estado, esta função foi repassada aos operadores aeroportuários, ou seja, concessionárias, onde estão ocorrendo privatizações, e Infraero, nos demais aeroportos”, explicou Ricardo Aparecido Miguel, presidente da Abesata. 

Na visão do segmento de ground handling, o modelo atual não é bom porque causa distorções. O mesmo motivo que leva as autoridades portuárias a se preocuparem com o tema e também estarem em busca de um novo formato. “Entendemos hoje, que o Estado deve ser enxuto, claro, e a maioria do mercado autorregulado, mas os serviços em solo, em especial no “lado ar” ou “abaixo da asa”, prestados por empresas especializadas, têm que ser regulado e supervisionado por uma instância neutra e competente, assim como acontece com as companhias aéreas, que passam por rigoroso processo de homologação para voar”, disse o presidente da Abesata. 

Desde sempre, os serviços auxiliares podem ser feitos por companhias aéreas, administrações aeroportuárias e empresas auxiliares, ou seja, a concessionária ou Infraero passaram a ser, ao mesmo tempo, quem autoriza uma empresa auxiliar a ingressar em um aeroporto e quem pode concorrer com ela. “A administração de um aeroporto, por natureza, exerce um monopólio na localidade. Vemos um conflito de interesse e mais que isso, um risco enorme de vivermos uma crescente perda de qualidade por uma concorrência justa. Outro retrocesso que ocorreu a partir de 2009 é não termos mais a exigência do responsável operacional em uma empresa auxiliar, e isso pode confundir um tomador dos serviços auxiliares, principalmente os advindos do exterior”, pontua Miguel. 

Na visão da Abesata, a inspiração deverá vir dos modelos presentes hoje na Europa e na Ásia. Nos Estados Unidos, desde os atentados de 11 de setembro, a segurança virou foco central e a homologação das empresas auxiliares ganhou outra conotação. Durante a conferência em Bali, mais especificamente no dia 03 de março, o presidente da Abesata vai se reunir com os dirigentes da ASA – Airport Service Association, Samim Aydin e Martin Meyer, para alinhar um documento com os modelos da Europa e Ásia. “Assim vamos poder balizar a Anac em sua tomada de decisão”, disse Miguel.

 

Fonte/Imagem: Exame (25/02/2016)

 

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo