Iata prevê superlotação na aviação europeia e pede reformas
Até 2040, a aviação europeia pode chegar ao seu limite no que diz respeito a capacidade. De acordo com o estudo Eurocontrol Barriers to Growth, 160 milhões de europeus devem voar nesse ano, e a Europa não está pronta para suportar tal demanda: esta foi uma das principais preocupações alardeadas pelo diretor geral e CEO da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), Alexandre de Juniac, durante discurso realizado hoje na Conferência Europeia da Aviação Civil (CEAC).
“A infraestrutura não será capaz de lidar com o volume de pessoas que precisam viajar. E toda pessoa que não pode voar é uma oportunidade perdida que se espalha por toda a economia”, lamentou De Juniac.
BIOMETRIA E SLOTS
Para o executivo, uma expansão urgente é necessária na capacidade aérea do continente. Mas além de reformas nos aeroportos, algo que sai a um maior custo, outras medidas voltadas para uma aceleração do processo que os passageiros passam podem ser tomadas – agilizar o funcionamento do setor pode, assim, permitir que mais pessoas sejam atendidas na infraestrutura já existente.
Um dos exemplos citados por Juniac é o One ID: “destina-se a melhorar a eficiência e conveniência usando uma identificação biométrica”, explicou o CEO da Iata. Isso deve levar os “passageiros através de processos de aeroportos com um único token – seja ele impressão digital, íris ou reconhecimento facial.”
Uma segunda ação que pode ser tomada é a otimização do uso dos slots por meio de uma melhor coordenação deles. Isso significa fazer cumprir as Diretrizes Mundiais de Slots (WSG), principalmente nos mais de 100 aeroportos atualmente congestionados na Europa. “Não faz sentido que alguns aeroportos de pista única recebam 30 ou mais voos por hora, enquanto outros declaram ter uma capacidade muito menor sem razão aparente”, explicou Alexandre de Juniac.
GESTÃO AÉREA
Um ponto citado por De Juniac como crucial é uma melhor gestão do espaço aéreo. Segundo ele, a falta de progressos no Céu Único Europeu (SES), cujo objetivo é reduzir os custos da navegação aérea pelo continente pela metade e triplicar a capacidade de voos, é refletida na previsão negativa da Eurocontrol para 2018: 14,3 milhões de minutos de atrasos em rotas na Europa, apenas neste ano, um aumento de 53% em relação a 2017. “14,3 milhões de minutos são cerca de 27 anos, e isso é inaceitável”, reclamou a maior autoridade da Iata.
BREXIT
Por fim, uma das maiores incertezas no continente que para Alexandre de Juniac devem ser solucionadas é a situação aérea europeia pós-Brexit. De acordo com o executivo, as companhias aéreas já estão vendendo ingressos para o período após a conclusão da saída do Reino Unido da União Europeia, mesmo que um acordo entre os dois em relação ao espaço aéreo tenha sido alcançado.
Fonte: Panrotas 10/07/2018