Erros da Aviação de Instrução é tema no EPIA
Quais são os erros mais comuns da Aviação de Instrução e por que eles acontecem? Esse é o questionamento que o investigador, Tenente-Coronel Aviador Max Adolfo Nardes, vai responder aos participantes do Estágio de Padronização da Instrução Aérea (EPIA), que acontece nos dias 5 e 6 de novembro, na cidade de Londrina-PR.
A realização do evento é do Quinto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA V), com o apoio da Universidade do Norte do Paraná – UNOPAR, que cederá suas instalações para acolher os mais de 300 participantes inscritos.
“É necessário sensibilizar, motivar e alertar para a segurança operacional da Aviação de Instrução”, diz o investigador Nardes, que pretende mostrar no EPIA vários estudos de casos de acidentes reais. Segundo o palestrante, a proposta é aprender pela análise dos erros cometidos por outros, evitando a repetição de falhas que sempre resultam em prejuízos materiais e perdas de vidas humanas.
Segundo o Tenente-Coronel Nardes, o principal problema da instrução aérea se resume a uma única premissa: o ser humano é falível por natureza. Voar é atividade de risco que,combinada com aluno e instrutor inexperientes, reúne todos os ingredientes para o acidente aéreo. “Precisamos melhorar a qualidade da instrução e formar profissionais mais comprometidos”, declara.
Para o Capitão Aviador Vinícius Martini Perez, Chefe da área de Investigação do SERIPA V, os maiores vilões da estatística da Aviação de Instrução surgem pela inexperiência de instrutores e alunos, bem como pela inadequada padronização. “Para mudar essa realidade é necessário elevar os conhecimentos em aerodinâmica, brifim e debrifim, preenchimento de fichas de voo, incluindo a supervisão das instituições de ensino”, afirma.
O Julgamento de pilotagem (14%), a aplicação de comandos (13%) e a supervisão gerencial (13%) são os principais fatores contribuintes evidenciados nas investigações de acidentes da Aviação de Instrução. Os dados são do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA).
A perda de controle em solo (36%), a falha de motor em voo (19%) e a perda de controle em voo (14%)nas estatísticas do CENIPA, são os erros mais comuns de alunos e instrutores de vooNesse cenário, a Região Sul aparece em segundo lugar no ranking nacional de acidentes, ficando atrás apenas do estado de São Paulo, que possui o maior número de Aeroclubes e escolas de aviação.
Casos reais – Em maio de 2013, a aeronave Aero Boero 115, com instrutor e aluno a bordo, fazia um voo de instrução de toque e arremetida (TGL, na língua Inglesa), no aeroporto de Londrina-PR, quando ocorreu o acidente. Ao tocar a cauda na pista, a aeronave guinou à direita com giro de 180 graus, causando danos no trem de pouso e na asa, depois de ter saído da pista.
Outro caso registrado pela investigação do SERIPA V aconteceu no aeroporto de Maringá-PR, com o mesmo tipo de aeronave, em treinamento de pouso curto. O aluno fez uso do freio em demasia, fazendo com que a cauda da aeronave levantasse, tocando a hélice no chão e arrastando-se pela pista até a parada total. Houve danos no motor, na hélice e carenagem.
Ambas as ocorrências apresentam características típicas de acidente de perda de controle no solo. Nesses casos, o piloto não consegue controlar a aeronave por falta de condições ou por ineficácia da atuação dos comandos. Esse tipo de acidente ocorre no deslocamento no solo até a decolagem ou do toque para o pouso até a parada no estacionamento.
De acordo com as recomendações do SIPAER (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), na instrução aérea é importante manter a aproximação estabilizada, e caso não obtenha êxito, arremeter ou abortar a decolagem antes de atingir a velocidade de decisão (V1). Além disso, é mandatório cumprir o perfil das cartas de navegação.
Fonte: Cenipa (30/10/2015)
Imagem: Luiz Carlos Porto