Indústria

DECEA participa do 4º Fórum Asas e discute os desafios e futuro do controle de tráfego aéreo

No último dia 10 de maio, o controle de tráfego aéreo foi tema do 4º  Fórum Asas, em São Paulo. O encontro foi promovido pela revista ASAS  – que tem seu foco no segmento aeroespacial. A quarta edição do evento reuniu especialistas e líderes do setor aéreo no hotel Matsubara, na capital paulista, com o tema “Controle de Tráfego Aéreo: Desafios e Futuro”. 

Cláudio Lucchesi, editor da revista Asas, diz que sempre buscou temas importantes, relevantes e fundamentais da área da aviação para o Fórum.”Nesta edição, a ideia de incluir na programação uma conversa com o Departamento de Controle de Espaço Aéreo (DECEA) foi natural, porque é uma organização que realiza um trabalho de mérito e orgulho”, justificou o editor.

“O índice de segurança de voo no Brasil é invejável. Além disso, o controle de tráfego aéreo é uma área que assimila novas tecnologias. Há, ainda, muitas empresas importantes que são parceiras do DECEA nesse avanço. Então, quis mostrar essa realidade e os novos desafios nessa área, como os drones, um dos temas do Fórum” – reforçou Cláudio Lucchessi.

Na abertura, o Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas – diretor-geral do DECEA agradeceu o convite parabenizou a revista Asas pela iniciativa. “O tema é o nosso dia a dia e a participação do DECEA é fundamental para atualização dos profissionais da área. Na gestão do tráfego aéreo,  a nossa preocupação é com a satisfação e a segurança do usuário final. Por essa razão, o DECEA vem participando de eventos como este, que promove nossa atividade e permite encontros com as empresas áreas, as administradoras de aeroportos e os profissionais da área de controle de tráfego aéreo, importantes para agregar a nossa comunidade aeronáutica”.

Ele ressaltou, ainda, a importância dos temas pautados no Fórum. “As RPAS são uma realidade e nosso desafio é conciliar a qualidade do serviço prestado pelo DECEA com a segurança do tráfego aéreo.  Vamos abordar também o PBN, que é um trabalho de longo prazo e que tem um grande impacto. Teremos a oportunidade de conhecer melhor o projeto ATN-Br. Ressalto, ainda, que esse encontro é importante, pois depois teremos um debate, quando poderemos ouvir  sugestões dos senhores  em prol da segurança da navegação aérea”.

Para reforçar a discussão do tema – que se reveste de importância cada vez maior, por conta do reaquecimento da economia e da inserção cada vez maior das empresas brasileiras num contexto global, gerando maior fluxo aéreo comercial -,  a revista Asas convidou, também, a Atech e a Omnisys – empresas parceiras do DECEA. Segundo o editor da revista, o controle de tráfego aéreo exige constante modernização, a par das novas tecnologias disponíveis e também enfrenta novos desafios como a questão da legislação para as RPAS e outros antigos, como os voos ilegais.

Na plateia havia representantes de empresas aéreas, controladores de tráfego aéreo, veteranos da Força Aérea Brasileira, militares da área operacional do Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRPV-SP) e destacamos, também, a participação do presidente da Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA), Major-Brigadeiro Engenheiro Fernando Cesar Pereira Santos; do chefe do Subdepartamento de Operações do DECEA, Brigadeiro do Ar Ary Rodrigues Bertolino; do chefe do SRPV-SP, Coronel Aviador Anderson da Costa Turola; do fundador da Embraer, Ozires Silva.

Os temas apresentados e discutidos no evento foram de atualidade indiscutível e de relevância para o setor aéreo e as empresas a este ligadas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA).

O primeiro assunto, apresentado pelo Tenente-Coronel Engenheiro André Eduardo Jansen, chefe da Divisão Técnica da CISCEA foi “O Projeto de Evolução da Rede Operacional do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (ATN-Br) e a Perspectiva de Adoção de Modelo de Parceria Público-Privada (PPP) para a Gestão das Redes de Comunicações do Comando da Aeronáutica”. 

O Tenente-Coronel Jansen reforçou a importância dos diversos parceiros da indústria aeronáutica nos projetos ATN-Br, assim como no processo de transição da gestão das redes do Comando da Aeronáutica para o modelo de PPP. “É muito importante passar para a comunidade aeronáutica a evolução das nossas redes dentro da atividade de controle de tráfego aéreo. E é um orgulho para a CISCEA participar dessa inovação, que é a mudança do modelo de gestão” – destacou Jansen, que considera os dois projetos como desafios importantes dentro da área de controle de tráfego aéreo para o Comando da Aeronáutica. 

“Nada disso seria possível sem as parcerias com as empresas aqui presentes, que adaptaram soluções para modificar equipamentos e compatibilizar com as nossas necessidades,  colaborando com a transição das aplicações. Costumo dizer que as organizações não têm relacionamentos. Quem agregar valor à essas soluções são as pessoas, os profissionais. Desde o início buscamos convergências administrativa, de gerenciamento e de acesso, com soluções seguras e confiáveis, que vão trazer eficiência aos nossos contratos e nos ajudar no cumprimento da missão da Força Aérea Brasileira (FAB), que é integrar,  defender e controlar” – declarou o Tenente-Coronel Jansen.

O segundo palestrante foi o diretor da Unidade de Negócios ATM da Atech, empresa do Grupo Embraer, Delfim Miyamaru. Sua apresentação foi baseada nos Desafios no Gerenciamento do Espaço Aéreo. Ao público, Delfim explicou a aplicação de tecnologias na otimização do fluxo de tráfego aéreo.

“É uma ótima oportunidade de compartilhar o trabalho em conjunto com o DECEA e também alinhar as visões e perspectivas que temos do futuro e procurar atender ao transporte aéreo com mais segurança”, reforçou Delfim Miyamaru.

Em seguida, o acesso ao espaço aéreo brasileiro pelas aeronaves remotamente pilotadas (RPAS) foi esclarecido na apresentação do  Tenente-Coronel Aviador Jorge Humberto Vargas Rainho – chefe da Divisão de Coordenação e Controle e da Seção de Planejamento de Operações Militares do Subdepartamento de Operações do DECEA. Ele explicou as diferenças entre Vant, drone e RPA e, em seguida, relacionou as ações de responsabilidades da Agência de Aviação Civil (Anac), da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do DECEA.

As operações de RPAS, em áreas não confinadas, deverão efetuar a homologação da estação de pilotagem remota junto à ANATEL e solicitar as autorizações previstas nas regulamentações da ANAC, se existente. De posse destas anuências, o operador RPAS deverá efetuar seu cadastro no sistema SARPAS e solicitar a autorização de utilização do espaço aéreo, anexando ao processo a documentação emitida pelas ANAC e ANATEL.

Vargas mostrou que o DECEA já está preparado para o futuro e falou dos desafios que se apresentam diariamente, com o SARPAS – o Sistema de Solicitação de Acesso ao Espaço Aéreo por RPAS , que já aprovou 86% dessas solicitações. “Estamos preparados para a necessidade que o mundo enfrenta com a integração desse componente ao espaço aéreo não segregado. Estamos à frente e mantendo o nível de segurança no espaço aéreo”, finalizou o oficial.

No intervalo, o diretor-geral do DECEA reafirmou a importância das empresas parceiras no suporte ao gerenciamento do tráfego aéreo. Na mesma sintonia, o presidente da Atech, Carlos Malacco, falou do futuro, de continuar a desenvolver novos sistemas, tecnologias e formas de trabalhar junto com o DECEA: “O futuro da Atech deve muito à essa parceria. Por isso, é muito importante essa discussão no Fórum Asas”.

O Tenente-Brigadeiro do Ar Jeferson Domingues de Freitas concordou: “Viemos aqui para falar do futuro do tráfego aéreo e eu vejo esse futuro passando tanto pelo DECEA quanto pela Atech, nossa parceira de longa data e grande desenvolvedora dos nossos sistemas de gerenciamento de fluxo de tráfego aéreo”.

Na parte da tarde, o engenheiro Luiz Henriques – diretor-presidente da Omnisys Engenharia – empresa do Grupo Thales, em sua apresentação “Os Radares de Controle de Tráfego Aéreo e a Base Industrial de Defesa”, destacou a evolução do mercado interno brasileiro e ressaltou a importância da parceria com o DECEA.

O último tema do Fórum foi o PBN – Navegação Baseada em Performance (PBN), defendido pelo Capitão Cristian da Silveira Smidt, adjunto da da Seção de Planejamento de Gerenciamento de Tráfego Aéreo do Subdepartamento de Operações do DECEA.

O oficial contou para o público que a International Civil Aviation Organization (Icao) tem implantado em todo o mundo o Performance Based Navigation (PBN). Trata-se de um conjunto de novas técnicas de navegação que permite a aeronaves de mesmo perfil voar em Rotas de Navegação Área (RNAV) a distâncias laterais e longitudinais reduzidas. Inserido no Programa Sirius Brasil, o PBN está ligado ao gerenciamento de tráfego aéreo e, consequentemente, à otimização da estrutura da rede de rotas ATS (serviços de tráfego aéreo) e contempla a implementação de soluções de tecnologia satelital, comunicação digital e gestão estratégica da navegação aérea, a partir da integração de tecnologias, processos e recursos humanos.

Cristian ressaltou, em sua apresentação, que “o conceito do espaço aéreo PBN se alinha ao desafio do futuro da aviação, pois prevê ferramentas necessárias para atender a demandas futuras da aviação”.

Destacamos a importância da participação de dois graduados controladores de tráfego aéreo e que trabalham na Assessoria de Segurança do Controle do Espaço Aéreo (ASEGCEA),  a 1º Sargento Suelen Rodrigues da Cunha e o 2º Sargento Weslei Canêdo de Oliveira, autorizados e incentivados pelo chefe da seção de Coordenação e Controle da Segurança Operacional, o Capitão Aviador Bruno Roberto de França.

Suellen viu na oportunidade de participar do Fórum Asas, já que está inserida no Sistema de Gestão da Segurança Operacional (SGSO), de se atualizar sobre os assuntos discutidos no evento e se inteirar dos impactos na segurança, trazendo experiência para ASEGCEA e conhecimento dos próximos passos da segurança operacional  no cenário do tráfego aéreo.

Canêdo, que trabalha com investigação de ocorrência de tráfego aéreo e no desenvolvimento do Sistema de Informações Gerenciais do Subsistema de Segurança do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (SIGCEA), diz que o conhecimento adquirido sobre o planejamento do DECEA para o futuro da aviação brasileira e o controle de tráfego aéreo foram importantes para ele. “Conheci as novas tecnologias empregadas que serão fundamentais para ajudar no nosso trabalho diário, principalmente com o Relatório de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (RELPREV). A palestra sobre RPAS mostrou o que acontece diariamente na nossa seção e, como elo do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER), precisamos dessa estatística apresentada para assessorar as ações futuras do DECEA”.

Um dos participantes, que é controlador de tráfego aéreo da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e  professor de controle e fraseologia no curso de ciências aeronáuticas  na Instituição Toledo de Ensino em Bauru, interior de SP, Murilo Prado de Mello, disse que é muito raro evento com essa temática, por isso aproveitou a oportunidade. “Tive a chance de me atualizar sobre tráfego aéreo e conhecer as melhorias na área, como o PBN. Além disto, fiz contatos que serão úteis em oportunidades futuras”.

Após as apresentações, houve um debate, onde o público participou com perguntas relacionadas ao tema e prontamente respondidas pelos palestrantes.

Claúdio Lucchesi, no encerramento, agradeceu ao Ministério da Defesa e ao Comando da Aeronáutica, representado pelo DECEA, por terem abraçado a ideia e colaborado com os temas apresentados no Fórum Asas. Ele ressaltou que as empresas Atech, Airbus, Frequentis, Elibras, Sita e Tecnolabh foram importantes no envolvimento e na realização do evento, como patrocinadoras. “Essas empresas estão envolvida nesse Fórum porque enxergam a importância de encontros como este para a comunidade aeronáutica” – justificou.

Fonte: DECEA – 14/5/2018

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