Indústria

China encolhe sua frota de jatos particulares

A disputa comercial entre a China e Estados Unidos, aliada a desaceleração da economia chinesa, tem levado muitas empresas e indivíduos a vender suas aeronaves. Por ser um ativo de elevado valor e com custo operacional alto, os aviões de negócios, geralmente, são os primeiros ativos a serem vendidos em caso de recessão.

“Jatos particulares são, frequentemente, os primeiros itens colocados para a venda, à medida que seus proprietários não podem mais arcar com as despesas ou justificar sua posse”, afirma James Coak, vice-presidente para o desenvolvimento internacional dos negócios da Titan Aviation.

No último ano, das 286 aeronaves de negócios registradas na China, 15 foram colocadas à venda, número superior as 14 adquiridas por empresários do país entre 2014 e 2017. Ainda que a China apresente a mais dinâmica economia do mundo, o uso da aviação de negócios, com aeronaves privadas, é bastante restrito no país. Comparativamente, a frota brasileira na categoria supera a marca das 1.500 aeronaves, sendo mais de 350 jatos.

Acredita-se que o mercado de venda de usados na China possa ultrapassar as 20 aeronaves este ano. Metade destas vendas devem ser feitas para empresas dos Estados Unidos, que após a crise de 2008 mostra novo apetite por aviões particulares. Com a maior frota de aeronaves do mundo, os Estados Unidos continuam a procura de boas oportunidades de negócios, especialmente em relação a aviões de cabine larga e longo alcance. Um dos diferenciais do país, em relação a China, é uma legislação tributária mais favorável para a propriedade de aeronaves.

A reação da demanda norte-americana coincide com um declínio no otimismo empresarial chinês e dos principais operadores de jatos de negócios, bem como proprietários e financiadores envolvidos na atividade. Recentemente uma empresa chinesa colocou à venda um recém adquirido G650, um jato de negócios de ultralongo, que pode voar de Shangai a Los Angeles, sem escalas. O modelo é um dos favoritos de empresas e executivos que necessitam de uma aeronave com ampla cabine e condições de realizar voos acima de 12 horas de duração. A demanda pelo modelo é uma das mais elevadas do setor, dos mais de 550 aviões do tipo em serviço, menos de 5% estão disponíveis para venda, como usados. Em geral, a maior parte dos aviões de negócios, em uma frota global de 21.200 jatos, aproximadamente 9% se encontra a venda no mercado de usados.

A depreciação do mercado chinês, que deve se acentuar com a guerra comercial entre Washington e Pequim, poderá levar o gigante asiático a encolher ainda mais sua frota.

Ainda assim, o mercado da Ásia/Pacífico continua sendo um dos mais atrativos para a indústria aeronáutica, sobretudo na aviação comercial.

Fonte: Aero Magazine 07/03/2019

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