Entrevista – Brigadeiro do Ar Luiz Ricardo S. Nascimento
Brigadeiro do Ar Luiz Ricardo S. Nascimento ingressou na FAB em 1981. Realizou todos os cursos de carreira, Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional OACI/Montreal e MBA em Desenvolvimento Avançado de Executivos-Gestão de Processos, UFF. Funções: Comissionado Brasileiro na CNA da OACI/Montreal; Comandante do CINDACTA II; Adjunto ao Subdepartamento de Operações do DECEA; é o atual chefe do subdepartamento de operações do DECEA.
Com início na Sexta-Feira dia 05 de Agosto, os jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 tem previsão de atrair de 350 a 500 mil visitantes ao país entre atletas, autoridades, delegações e espectadores. Os aeroportos brasileiros serão coordenados e monitorados para que a segurança e eficiência da prestação de serviços não sejam comprometidas. O chefe do subdepartamento de operações do DECEA, Brigadeiro do Ar Luiz Ricardo S. Nascimento, concedeu ao Instituto brasileiro de Aviação entrevista exclusiva sobre o assunto. Confira:
1. Quais foram as principais medidas tomadas pelo DECEA na preparação para as Olimpíadas Rio 2016?
Foram várias as preparações, em vários níveis: técnico, operacional, de capacitação, um planejamento para dar vazão à demanda, tanto para voos internacionais, como de aviação geral. Também houve um planejamento de navegação aérea para que todos os auxílios estejam disponíveis durante o evento e trabalhamos também na capacitação específica para adequar o espaço aéreo às restrições relativas à defesa aeroespacial. A defesa aeroespacial demanda algumas capacidades e habilidades específicas e houve a capacitação dos controladores de voo para que não haja problemas durante o evento.
2. Durante a fase de preparação do DECEA para o evento, houve coordenação junto com outros órgãos ou empresas provedoras de serviço de navegação aérea?
Houve grande planejamento com todos os envolvidos, tanto as empresas aéreas quanto os órgãos institucionais do governo (SAC, ANAC) e os provedores de serviços, aeroportos, Infraero, para que todos juntos, sob a coordenação da secretaria de aviação civil, tivéssemos um procedimento comum e adequado para a magnitude do evento.
3. É sabido que os controladores de voo realizaram o Programa de Simulação de Movimentos Aéreos (PROSIMA) que pela primeira vez foi realizado em ambiente simulado integrado. O que isso representa para a evolução do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB)?
É importante ressaltar que o PROSIMA é um programa realizado já há alguns anos. A novidade foi integrar nesse mesmo ambiente de simulação operacional as restrições de defesa aeroespacial. Então havia uma coordenação do ambiente simulado, do controle do tráfego, para simular a demanda de um dia do evento, com todas as restrições que serão aplicadas durante as Olimpíadas e Paraolimpíadas. Isso proporcionou um treinamento avançado para os controladores de tráfego e de defesa aérea, para que cada um realizasse seu trabalho de modo a interferir o mínimo possível no desempenho das outras atividades.
4. O tráfego aéreo fora das áreas restritas funcionará normalmente ou haverá alguma mudança?
Fora das áreas restritas especificadas, não há previsões de mudança de procedimento de tráfego. As mudanças serão somente aplicadas nas áreas de exclusão.
5. Quais serão as principais medidas de segurança definidas em relação ao tempo de espera e capacidade da demanda de aeronaves?
Foi necessária a medição da capacidade de todos os aeroportos envolvidos, tempo de pista, tempo de pátio, e cada aeroporto terá restrições de acordo com sua capacidade. Essas restrições foram definidas pela ANAC juntamente com a SAC baseados em experiências anteriores de grandes eventos, como a Copa do Mundo e até eventos fora do país, onde houve visita dos profissionais brasileiros para que as melhores práticas de segurança de eventos desse porte fossem incorporadas à nossa realidade. Essas medidas de tempo de espera e capacidade da demanda de aeronaves serão então adequadas a cada aeroporto, dependendo da sua infraestrutura.
6. No caso de aproximação de aeronave não autorizada de uma área de tráfego restrita, quais são as medidas do DECEA?
O DECEA coordena o tráfego aéreo. Se houver uma aeronave não autorizada entrando nas áreas restritas, o controle dessa interceptação, das medidas tomadas, será realizado pelo COMDABRA (Comando de defesa aeroespacial brasileiro). A aeronave será alertada sobre a entrada em espaço aéreo restrito, será interrogada, haverá um pedido de mudança de rota, um pedido de pouso obrigatório, até um tiro de detenção se necessário. É importante ressaltar que esses procedimentos estão de acordo com o padrão internacional de defesa aeroespacial.
7. No dia da final da copa do mundo de 2014, o aeroporto Rio Galeão, registrou mais de 1.600 movimentos, um aumento de 100% na média diária. Existe alguma expectativa do DECEA em relação ao volume do tráfego aéreo num determinado dia, ou período?
É importante lembrar que os eventos têm duração e estruturas diferentes, então o DECEA espera um aumento do padrão das movimentações durante todo o evento, mas é esperado que o pico de movimento seja nos dias próximos à abertura do evento. Contudo, quero relembrar que o Rio será uma área restrita, e, portanto, todas as aeronaves que se aproximarão do Galeão e do Santos Dummont têm que ter permissão. Essas medidas nos permitem ter uma previsibilidade dessa demanda e permite, também, que o DECEA consiga realizar seu trabalho da melhor forma possível.
8. Considerando a grande procura por slots pela aviação geral no evento da copa do mundo, qual será a porcentagem reservada para o setor nas Olimpíadas?
Essa porcentagem está prevista no manual de planejamento do setor de aviação civil, que inclusive foi editado há pouco tempo pelo ministério dos transportes, portos e aviação civil. Lá existe uma premissa definida pelo governo que determina que 80% dos slots serão alocados para aviação regular (aviação comercial de grande porte), 10% para a aviação geral e 10% para os VIPS que são os chefes de estado, autoridades, entre outros.
9. Dentre os aeroportos preparados para o evento, qual deles terá maior atenção do DECEA? Por quê?
Claro que será o Rio Galeão, pela localização, e pela alta demanda dos voos VIPS e de aviação geral que estão concentrados nesse aeroporto. Mas é importante lembrar a importância do aeroporto de Guarulhos em São Paulo. Por ser um HUB de aviação da América latina, receberá muitas delegações, e também terá grande importância no bom funcionamento dos procedimentos e escoamento da demanda do tráfego aéreo brasileiro durante o evento.
Para mais informações sobre as áreas restritas, clique aqui
Instituto Brasileiro de Aviação 02/08/2016