
O protagonismo feminino foi destaque no evento realizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. No dia 12 de março, servidoras, colaboradoras e convidadas se reuniram no auditório da Agência, em Brasília (DF), para um talk show que trouxe reflexões sobre liderança, desafios e conquistas das mulheres no setor aéreo e no serviço público.
O evento foi conduzido pela chefe da Assessoria Técnica da Anac, Ana Motta, e contou com falas inspiradoras de lideranças femininas e especialistas do setor. Durante a abertura, o diretor da Anac Luiz Ricardo Nascimento reforçou a importância da equidade de gênero na Agência: “Não é só no dia 8 de março, não é só uma flor, não é só um olá. É sobre respeito, é sobre oportunidades reais. Nosso compromisso é garantir que o reconhecimento das mulheres seja genuíno.”.
A superintendente de Pessoal da Aviação Civil da Agência, Mariana Altoé, apresentou as ações do subprograma Mulheres na Aviação, do programa Asas para Todos, destacando os esforços da Anac para promover um ambiente mais inclusivo no setor: “A gente precisa contar com as mulheres na aviação, não só por justiça, mas por sustentabilidade do setor. Temos que combater práticas discriminatórias, ampliar a mão de obra e inspirar as novas gerações.”.
A coordenadora substituta do Comitê de Equidade, Renata Azevedo, apresentou um panorama dos avanços e desafios da equidade de gênero no setor aéreo e no serviço público. Durante sua fala, destacou a importância de continuar promovendo ações estruturadas para garantir mais inclusão e representatividade. “Por que o Dia da Mulher? Por que precisamos celebrar tantas conquistas? Porque ainda temos muito a avançar. As mulheres representam mais da metade da população brasileira, mas sua presença em carreiras técnicas e em posições de liderança ainda é desigual. Precisamos entender onde estamos para saber para onde queremos ir.”
Mulheres na aviação: desafios e conquistas
O primeiro painel do evento, voltado para liderança feminina no setor aéreo, trouxe a experiência da major aviadora Joyce Conceição, comandante do 1º esquadrão do 1º grupo de transporte da Força Aérea Brasileira (FAB), da diretora de Planejamento e Fomento da Secretaria Nacional de Aviação Civil do Ministério de Portos e Aeroportos, Júlia Lopes, da gerente técnica do Registro Aeronáutico Brasileiro da Anac e da chefe da Ouvidoria da Agência, Cristina Vilasboas, que também moderou a conversa.
A major Joyce Conceição compartilhou sua trajetória até se tornar a primeira mulher a comandar uma unidade aérea na FAB. Em sua fala, ressaltou as dificuldades enfrentadas ao longo da carreira e a importância da persistência: “Vim de uma família humilde e sempre sonhei com a farda. No início, ouvi que a aviação não era para mim, que eu não tinha perfil. Mas aqui estou. Determinação, competência e dedicação não têm gênero.”.
Júlia Lopes destacou um dos desafios comuns para as mulheres em cargos de liderança, a exclusão de ambientes informais de decisão. “Muitas decisões importantes acontecem em almoços e reuniões informais, onde mulheres casadas e com filhos muitas vezes não conseguem estar. Precisamos quebrar esses padrões para permitir que mais mulheres ocupem esses espaços.”
Já Cristina Vilasboas abordou a autocrítica que muitas mulheres enfrentam ao se candidatarem a cargos de destaque. “Muitas de nós só se candidatam a uma vaga se atendem a 100% dos requisitos. Já os homens tentam mesmo quando cumprem apenas parte. Precisamos mudar essa mentalidade e confiar mais na nossa capacidade.”
Histórias de vida e superação
O segundo painel trouxe relatos pessoais e emocionantes de servidoras da Anac e convidadas. Participaram a secretária-executiva do Gabinete da Anac, Ana Lydia Oliveira, a jornalista da Anac e ex-controladora de tráfego aéreo da FAB, Fernanda Magalhães, e a pilota comercial e especialista em Regulação de Aviação Civil, Daniele Silvério. A conversa foi moderada pela chefe da Corregedoria da Anac, Erica Queiroz.
Ana Lydia Oliveira emocionou o público ao relatar sua experiência de superação após o divórcio. “Boa parte da minha força veio das mulheres incríveis que trabalham comigo na Anac. Elas me apoiaram, me acolheram e me ajudaram a enxergar meu próprio valor.”
Fernanda Magalhães relembrou um episódio de preconceito de gênero no início de sua carreira no controle de tráfego aéreo: “Um piloto me disse pelo rádio: ‘Vamos parar de brincar de casinha, quero um controlador de verdade’. Aquilo doeu, mas segui. Um tempo depois, controlei o voo em que meus pais estavam viajando e pude desejar a eles boa viagem pela fonia. Foi um momento de superação para mim.”
Daniele Silvério relatou um episódio marcante da sua formação na aviação. “Ao iniciar minha carreira, um colega me enviou uma imagem de um painel de avião com um fogão no lugar dos instrumentos, dizendo: ‘Para ir se familiarizando’. Mas segui firme e hoje sou a primeira pilota no quadro da Anac.”
O diretor-presidente da Anac, Roberto Honorato, encerrou o evento destacando a necessidade de transformar o compromisso com a equidade de gênero em ações concretas. “Como são inspiradoras essas histórias que nós assistimos aqui, né? Inspiradoras para todos nós. A discussão sobre a igualdade de competências, para mim, já é ultrapassada. O que precisamos agora é avançar em medidas efetivas.” Ele ressaltou que os números de participação feminina no setor aéreo ainda são preocupantes e reforçou a importância de criar um ambiente mais inclusivo. “É essencial que a Anac seja um espaço atrativo, sem barreiras, sem preconceitos e sem desrespeito.”
O evento reforçou a importância de criar espaços de diálogo e troca de experiências e reafirmou o compromisso da Anac com a equidade de gênero no setor aéreo e no serviço público. Perdeu o encontro? Assista à gravação!