Fabricante de aeronaves apresenta três conceitos de aviões movidos a hidrogênio para 2035
A Airbus apresentou, nesta segunda-feira (21), três conceitos de aviões movidos a hidrogênio, e espera colocar em serviço uma aeronave comercial de emissão zero em 2035, em meio à crescente pressão da opinião pública em favor de transportes não poluentes.
O setor aeronáutico, atingido pelo novo coronavírus e difamado pelo movimento “flygskam” (vergonha de pegar o avião) devido às suas emissões de CO2 — 2 a 3% das emissões mundiais, segundo o setor —, tenta avançar rapidamente rumo à “descarbonização” do transporte aéreo.
“Esperamos desempenhar um papel de liderança na transição mais importante que nossa indústria verá”, afirma em um comunicado Guillaume Faury, presidente executivo da Airbus, grupo que deseja “tornar-se líder na descarbonização da indústria aeronáutica”.
A fabricante europeia estuda três conceitos de aeronaves, todas movidas a hidrogênio e nomeadas “ZEROe” – “zero emissões”. O motor de hidrogênio não emite poluentes, já que produz apenas vapor de água.
O primeiro é um turborreator “de configuração clássica”, segundo explica Guillaume Faury ao jornal Le Parisien. Com 120 a 200 passageiros — o equivalente a um A220 ou um A320 — e uma autonomia de mais de 3.500 quilômetros, seria movido por uma turbina de gás com hidrogênio, armazenado em tanques localizados na parte traseira da fuselagem.
“O coração dos motores de um avião é uma turbina de gás” na qual o querosene vaporizado é queimado, explicou o diretor-geral da aviação civil (DGAC) francesa, Patrick Gandil. E fazer combustão com hidrogênio, “quase tão energética quanto”, precisaria apenas, segundo ele, de pequenas modificações.
O segundo conceito é um avião de alcance regional turboélice (de hélice) que poderia levar até 100 passageiros a uma distância de 1.800 km. O terceiro conceito é uma asa voadora com uma capacidade e autonomia semelhantes ao conceito do turborreator.
Tanque criogênico
Segundo Gandil, é principalmente no armazenamento e seu transporte onde está a dificuldade do hidrogênio. O hidrogênio requer quatro vezes o espaço de armazenamento do querosene e, acima de tudo, deve ser liquefeito a -250º C.
Os tanques criogênicos devem, na verdade, resistir à pressão e ter forma cilíndrica ou esférica, “por isso não podem ser colocados nas asas, como é feito atualmente” explica Patrick Gandil. Isso abre caminho para inúmeras mudanças possíveis na forma do avião, além de implementar motores sob as asas.
A Airbus, o grupo de motores Safran, assim como sua co-empresa Arianegroup e Onera, avaliam desde o início do ano o uso do hidrogênio na aviação. Todo esse processo vai demorar cerca de sete anos, segundo Guillaume Faury.
Este calendário corresponde ao objetivo de um “avião neutro em carbono” estabelecido pelo governo francês, que prevê dedicar 1,5 bilhão de euros (US$ 1,8 bilhão) até 2022 em apoio ao setor da aviação.
Muitos Estados europeus já fizeram do hidrogênio um dos principais eixos para o futuro desenvolvimento do setor aéreo.
Fonte: G1 21/09/2020