Indústria

FAB diz que Embraer Defesa não se sustenta sem aviação comercial

Parecer técnico do Comando da Aeronáutica sobre a negociação entre a Boeing e a Embraer, aprovada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) no começo deste ano, revela que a Embraer Defesa & Segurança, responsável pelo projeto do KC-390, não se sustentará sem a aviação comercial da fabricante brasileira, que será vendida à companhia americana.

Divulgado pelo site ‘O Antagonista’, o documento de 28 páginas traz conclusões favoráveis ao negócio, mas aponta problemas para a continuidade da Embraer sem o segmento comercial.O negócio com a Boeing deve ser concluído até o final deste ano, com a separação completa da aviação comercial da Embraer dos setores de Defesa e da aviação executiva.A aviação comercial perderá o nome Embraer e será chamada de Boeing Brasil – Commercial, com 80% das ações nas mãos da Boeing, que terá controle total sobre a nova empresa.

De acordo com o relatório da Aeronáutica, a área de Defesa da Embraer concentra os investimentos públicos para desenvolvimento de novas tecnologias, que depois são repassadas para a área comercial. O mesmo ocorre na Boeing.”Separar a área comercial da defesa irá eliminar o processo de investimento público brasileiro na inovação da Embraer Defesa, pois não será coerente investir recursos para novas tecnologias que será transferidas para a Embraer comercial, que na verdade seria Boeing”, diz trecho do documento. E conclui: “Desta forma, a área de defesa [da Embraer] estaria condenada a não ter todas as possibilidades para pesquisa e inovação”.

Segundo o relatório, o desenho institucional da Boeing Brasil – Commercial irá inviabilizar novos investimentos na Embraer Defesa, em razão de a empresa não colocar recursos numa área que já existe nos Estados Unidos. Tampouco o governo brasileiro investirá na Embraer Defesa para evitar que novas tecnologias sejam repassadas à Boeing.”O processo de inovação da Embraer estaria seriamente comprometido”, aponta o relatório, que foi produzido para subsidiar a decisão do governo sobre o negócio entre Embraer e Boeing. Procurada, a Embraer informou que não vai comentar.

Diante da concorrência da Airbus, que comprou o setor de jatos médios (C Series) da Bombardier em 2017, a Boeing se viu na necessidade de fazer o mesmo com a Embraer para se manter na liderança do mercado global. É o que aponta parecer da Aeronáutica sobre a negociação entre a Boeing e a Embraer. O documento revela tese contrária à defendida por executivos da Embraer, que justificaram o negócio como uma maneira de “salvar” a companhia brasileira diante do novo cenário mundial.

Segundo a FAB, a Boeing precisa dos aviões da Embraer (E-190 E2 e E-195 E2) para competir no segmento de 90 a 150 passageiros e da equipe de engenheiros para ajudar a desenvolver dois aviões: um de 150 a 200 passageiros e outro de 200 a 250.

Fonte: O Vale 28/05/2019

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