Infraestrutura

Fim do Campo de Marte pode afetar o segmento executivo

Empresas de voos corporativos que atuam na capital dizem que terão dificuldades em achar um novo local de operação e de atender à demandaCom o fim das atividades do aeroporto Campo de Marte e sua transformação em parque, anunciada em 2017 e reafirmada como um dos principais projetos do governador de São Paulo, João Doria, as empresas de aviação executiva que atuam na cidade terão dificuldades em achar um novo local de operação e de manter a demanda de serviços.

Para as empresas e entidades alocadas no Campo de Marte, administrado pela empresa Federal de aviação Infraero, restou a opção de migrarem para aeroportos do interior paulista, já que o de Congonhas e de Guarulhos estão sobrecarregados, segundo Paulo Rogério Vicente, diretor de operações da Sales Serviços Aéreos, empresa especializada em voos executivos e de táxi aéreo. “Os aeroportos de cidades do interior não têm mais espaço. Eles não dariam conta da nossa demanda. São Paulo é o centro financeiro nacional e a maior parte dos clientes de voos executivos estão aqui”, afirma. Além disso, ele explica que, para os clientes que decolam de outros estados com a intenção de pousar no aeroporto não faz sentido ter que desembarcar em uma cidade do interior e ter que ir de carro até a capital. De acordo com Vicente, isso pode gerar uma crise nos ganhos do setor. Segundo o diretor da Sales, que possui um dos 23 hangares do Campo de Marte, o local abriga três escolas de aviação, as bases do grupamento aéreo da Polícia Civil e do grupamento Águia da Polícia Militar. Além disso, no espaço estão seis oficinas de manutenção de aeronaves e a sede do Parque Material da Aeronáutica, que dá apoio logístico aos equipamentos da Força Aérea Brasileira.

O diretor de operações considera que, atualmente, estão em um ponto estratégico da cidade, próximos de polos executivos e de locais que prestam atendimento à população, como hospitais.Fim de uma era O encerramento das operações do Campo de Marte teria duas razões, segundo o governo do Estado. O primeiro é evitar que as regiões ao entorno sofram com acidentes aéreos. Outro, é a baixa na movimentação do local ao longo dos anos.Em 2014, o local contabilizou 117.939 pousos e decolagens. Em 2018, o número foi para 73.264, o que representou uma queda de, aproximadamente, 37,88%. Os dados são da Associação Brasileira Aviação Geral (Abag). “A aviação executiva é um segmento que passa por dificuldades sempre que o país está em crise financeira. Mas quando a situação começa a melhorar, ele é um dos primeiros a se restabelecer”, diz. Sobre a quantidade de acidentes aéreos no local, a entidade contabilizou 17 fatalidades nos últimos 29 anos.

Para o diretor geral da Abag, Flávio Pires, o Campo de Marte terá um futuro brilhante caso continue com as operações. “Acredito que a ‘uberização’ chegue logo no nosso setor e que as pessoas passem a solicitar o transporte aéreo por aplicativo. Assim, precisamos de um lugar na capital para atender essa demanda. Não podemos fechar um aeroporto”, diz.

Fonte: Diário Comércio Indústria & Serviços 06/03/2019

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo