Aviões supersônicos devem enfrentar resistência de grupos ambientais
Grupos ambientais já se preocupam com a provável retomada de voos supersônicos civis. O temor é que haja um aumento significativo na emissão de gases que auxiliam no efeito estufa. O Comitê de Proteção Ambiental da Aviação, da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO, na sigla em inglês), ligado as Nações Unidas, terá um encontro em Montreal, no Canadá, para discutir os padrões para aeronaves supersônicas.
O objetivo é buscar parâmetros e criar regras para neutralizar a grande emissão de gases tóxicos gerados por esse tipo de aeronave. Embora os projetos sejam na maioria dos casos voltados para nichos específicos de mercado, como aviação de negócios, esse tipo de aeronave vai na contramão do setor aéreo que busca reduzir o consumo de combustível. Para manter elevadas velocidades o motor de um avião supersônico consome uma quantidade elevada de combustível, várias vezes superior aos aviões que voam em média 800 km/h. De acordo com dados do Conselho Internacional do Transporte Limpo, o consumo por passageiro é cerca de cinco a sete vezes maior.
A indústria aeronáutica estabeleceu como meta a redução das emissões de dióxido de carbono pela metade até 2050, quando comparado ao nível de 2005. O índice, segundo autoridades, é bastante difícil de ser cumprido, que será completamente inviabilizado caso haja a retomada do transporte aéreo regular supersônico.
Outro tema que será discutido pelos ambientalistas são os padrões ambientas de emissão de ruído para a recém-revivida tecnologia do transporte supersônico. A maior preocupação é com o estrondo sônico, que além de causar destruição na região onde ocorre, o ruído extremamente alto das aeronaves pode inviabilizar seu uso mesmo em regiões marítimas, por seu potencial impacto na vida marinha.
Jatos supersônicos que voam em média 2 vezes acima da velocidade do som, a grandes altitudes, podem voar de Paris a Nova York em 3,5 horas, ante a média de oito horas de um jato comercial convencional. No trajeto entre Paris e São Paulo, o tempo de voo pode chegar apenas 4,5 horas.
Atualmente três empresas lideram a corrida pela retomada dos voos supersônicos, a Boom Supersonic, Spike Aerospace e Aerion Supersonic, que afirmam que trabalham para reduzir não apenas o consumo, para níveis proporcionalmente próximo dos aviões subsônicos, como também neutralizar o ruído.
A expectativa é que o primeiro avião supersônico civil esteja certificado em meados da próxima década.
Fonte: Aeromagazine 31/01/2019