Cenário econômico deve favorecer companhias aéreas em 2019
O ambiente macroeconômico mais favorável deve impulsionar o crescimento da aviação no país em 2019. Análise setorial do banco BB Investimentos aponta uma expansão mais forte da demanda aérea no próximo ano em comparação a 2018, devido à maior elasticidade do setor em relação ao desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).
O boletim Focus desta semana indicou para o PIB de 2019 um avanço de 2,53%, ante crescimento de 1,3% neste ano. O BB Investimentos estima para o setor de aviação um crescimento médio de 6,7% ao ano entre 2018 e 2021.
Conforme as estimativas do banco, a demanda de passageiros domésticos passará de 90,6 milhões em 2018 para 96,7 milhões no próximo ano e para 117,5 milhões em 2021.
Já a demanda de passageiros internacionais atingirá 8,4 milhões neste ano, 9,1 milhões em 2019 e 11,5 milhões em 2021.
De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que reúne dados das maiores companhias aéreas do país – Gol, Latam, Azul e Avianca — , a demanda aérea doméstica no acumulado de janeiro a novembro aumentou 4,47%. A Gol liderou o mercado doméstico, com 35,64% de participação, seguido pela Latam (32,11%), Azul (18,68%) e Avianca (13,57%).
Em relação à demanda internacional, houve aumento de 16,03% no acumulado de janeiro a novembro, segundo a Abear.
O aumento da demanda por voos, associado a uma perspectiva de melhoria em custos, devem contribuir para impulsionar o desempenho financeiro das companhias aéreas no próximo ano, em relação a 2018.
Os principais componentes de custos do setor aéreo são o arrendamento de aeronaves e os combustíveis. Ambos estão sujeitos à variação cambial e esse é o principal fator de risco para s companhias no próximo ano, observa o BB Investimentos.
Por enquanto, as estimativas para o próximo ano são de um câmbio mais estável em relação a 2018. O boletim Focus aponta para 2019 um dólar médio de R$ 3,80, ante um valor médio de R$ 3,85 neste ano.
A Gol anunciou esta semana uma troca de 13 aeronaves Boeing 737 NG por aviões Boeing 737 MAX-8 entre 2019 e 2021, para reduzir sua dívida líquida em cerca de R$ 1,1 bilhão. A adoção do modelo 737 MAX-8 diminui o consumo de combustível em aproximadamente 15% em comparação às outras aeronaves.
A Latam também anunciou, em novembro, uma redução de 41% nos investimentos em aeronaves para o período de 2018 a 2021, para US$ 3,30 bilhões. A compra de aeronaves baixou de 70 para 45. O objetivo é também reduzir o endividamento em dólares. Para aumentar a produtividade, a companhia vai aumentar a quantidade de assentos por aeronave. A companhia estima aumentar a oferta de assentos entre 2% e 4% para voos domésticos no próximo ano.
A Azul, por sua vez, anunciou a aquisição em 2019 de 15 aeronaves, dos modelos Embraer E195 E2, Airbus A320neo, A330neo e ATR. Os novos aviões proporcionam um custo por assento de 26% a 29% menor em comparação à frota atual da companhia. A companhia prevê aumentar a oferta de assentos entre 18% e 20% em 2019.
Outro fator que pode favorecer o desempenho das companhias no próximo ano é a injeção de capital estrangeiro, que pode incentivar mais investimentos no setor, de acordo com o BB Investimentos. No início do mês, o governo Temer publicou uma medida provisória que põe fim ao limite de participação de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras, que antes era de 20%.
Fonte: Valor 28/12/2018