Uber Air quer ser 20 vezes mais seguro do que um helicóptero
Uma das maiores preocupações do projeto Uber Elevate, que pretende lançar aeronaves elétricas em rotas urbanas em cinco anos, é que a segurança seja superior às opções de transporte atuais. Mark Moore, diretor de Engenharia da companhia, explica que a meta é que o Uber Air, o produto de aviação por demanda (uma espécie de táxi aéreo), seja 20 vezes mais seguro do que um helicóptero. O caminho para isso está na autonomia. Apesar da necessidade de piloto no estágio inicial, o Uber e seus parceiros, entre eles a Embraer, têm a ambição de que as aeronaves voem sozinhas depois de 2023.
“Pessoas erram com muito mais frequência do que máquinas. Mas não se trata apenas de excluir o piloto, toda nossa operação é destinada a dar mais segurança: os helicópteros fazem rotas novas a todo o tempo, nossas aeronaves farão sempre as mesmas, repetidamente, todos os dias. Elas também serão desenvolvidas com redundância, então se qualquer parte falhar, não importa, o voo permanecerá seguro” explica Moore, que trabalhou na Nasa por 30 anos antes de liderar o time da Uber. Ele é um dos líderes do projeto, que é o foco de debates em um encontro da companhia e Los Angeles, nos Estados Unidos.
Para ele, o preconceito com aeronaves e carros autônomos será vencido à medida que a sociedade comprovar sua eficácia. Em março deste ano, foi registrada a primeira morte com esse tipo de tecnologia, quando um carro da Uber atropelou uma pedestre no Arizona. Especialistas que trabalham nesse setor recorrentemente explicam que a adoção de autonomia não está imune a falhas (mesmo que fatal), mas que mesmo assim os computadores são mais precisos do que humanos na direção. Para Moore, é um processo natural de aceitação, já que “máquinas não sentem sono e se mantêm focadas o tempo todo”.
“Toda vez que surgiu uma mudança nas soluções de transporte, da carruagem para o carro, por exemplo, foi preciso tempo para construir confiança na nova tecnologia. Quando o carro foi apresentado, seu apelido era “vagão do demônio”, então há uma barreira de resistência comum. Levamos quase 30 anos para substituir cavalo por automóvel”, diz.
O Uber Air é a modalidade áera por demanda da companhia, que pretende lançar o produto em 2023 nas cidades americanas de Dallas e Los Angeles. Os deslocamentos serão feitos por meio de um veículo chamado eVTOL (sigla de vertical take-off and landing), que tem funções autônomas e que decola e aterrissa como os helicópteros, verticalmente. Ele pode voar a uma altura de 600 metros e a uma velocidade de até 320 km/h. A ideia é que helipontos sejam aproveitados como estações e que parceiros construam aeroportos urbanos.
Fonte: Época – 12/05/2018