ABEAR promove workshop sobre evolução da navegação via satélite
Na última semana, no dia 24 de março, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) promoveu um encontro de trabalhosobre procedimentos que permitem melhorar a eficiência da navegação aérea na fase de aproximação para pouso das aeronaves. Especificamente, o encontro debateu um conjunto de procedimentos modernos que são aplicados em áreas onde o tráfego de aeronaves tem maior densidade ou realizados em aeroportos cujo acesso sob condições meteorológicas desfavoráveis seja limitado por obstáculos topográficos. Trata-se do Desempenho de Navegação Exigido com Autorização Requerida (tradução livre da denominação em inglês, RNP-AR: Required Navigation Performance – Authorization Required), que pode aprimorar o fluxo de voos nos aeroportos localizados em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte.
O nome complicado – Desempenho de Navegação Exigido com Autorização Requerida –se refere à necessidade de que as aeronaves e tripulações que desejem utilizar o procedimento possuam certas características tecnológicas de desempenho, particularmente a capacidade de comunicação via satélite para a navegação, além de treinamento adequado de pilotos e copilotos. A modalidade mais abrangente, que pode ser efetuada por aeronaves com recursos básicos, é denominada simplesmente RNP. A modalidade mais avançada, e a mais precisa dentro da navegação por satélites, o RNP-AR, só pode ser realizada por aeronaves com recursos avançados, além do treinamento da tripulação. Isso justifica a sigla AR-Autorização Requerida, que se refere à obrigatoriedade de autorização operacional específica pela autoridade aeronáutica. Ambos os procedimento se diferenciam daqueles mais tradicionais e difundidos em todo o mundo ao longo do tempo, que utilizam recursos de comunicação via radiofrequência, mas que não podem ser aplicados nos aeroportos de difícil acesso em situações de tempo ruim.
O processo de aprovação do RNP-AR no Brasil, um dos principais temas do evento, o “como fazer”, é de responsabilidade do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Já o processo de aprovação operacional, de operadores e aeronaves, o “quem pode fazer”, é da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
O Aeroporto Santos Dumont (RJ) já conta com procedimentos RNP-AR aprovados, incluindo operadores habilitados, mas para apenas uma da pistas, a 20. Existe uma expectativa de que esses mesmos operadores estejam aprovados para a outra pista (2) antes do início dos Jogos Olímpicos.
À medida que os operadores solicitam sua certificação RNP-AR e vão sendo aprovados pela ANAC, outros aeroportos, com procedimentos aprovados, incorporam essa nova operação de aproximação para pouso, com é o caso de Guarulhos, em São Paulo, e Viracopos, em Campinas.
A ABEAR encaminhou ao DECEA as prioridades de procedimentos RNP-AR que melhor atenderiam, de acordo com estudos de suas associadas, a eficiência do fluxo do tráfego aéreo em aeroportos específicos: Guarulhos (SP), Confins (MG), Congonhas (SP), Afonso Pena (PR), Salgado Filho (RS), Recife (PE), Viracopos (SP), Galeão (RJ) e o Salvador (BA).
Para o Inspetor de voo comandante Luiz Fernando Collares, da ANAC, a implantação do RNP-AR resultará em pousos mais eficientes, com redução de distâncias, menor consumo de combustível, redução de ruídos e menor número de atrasos e cancelamentos de voos. “Os principais agentes desses procedimentos serão pilotos e controladores, solicitando, autorizando e coordenando aproximações para o pouso RNP-AR quando julgarem necessário, de acordo com as condições climáticas no momento da aproximação do aeroporto”, afirma Collares.
“Precisamos trabalhar em um padrão operacional para esses procedimentos. Por isso, é fundamental um intercâmbio de informações entre DECEA, empresas aéreas e a área de aeronavegabilidade da ANAC. É um desafio multidisciplinar”, acrescentou o comandante Célio Eugênio de Abreu, executivo da ANAC.
Estiveram presentes no evento promovido pela ABEAR representantes da Secretaria de Aviação Civil (SAC), da ANAC, da Infraero, do DECEA, da Federação Internacional dos Pilotos de Companhias Aéreas (IFALPA, na sigla em inglês), GE e companhias aéreas.
Fonte: ABEAR 01/04/2016