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Indústria aposta em aviões elétricos; veja modelos em desenvolvimento

O combustível é o principal custo de operação de um avião, seja de uso privado ou de linhas aéreas comerciais. As novas versões de modelos como o Boeing 737Max, o Airbus A320neo ou o Embraer E-190E2 se destacam pela maior eficiência econômica e redução de consumo de combustível. Mas a indústria quer ir muito além disso e vê nos motores elétricos a solução para a redução de custos.

Os projetos para se criar um avião elétrico para transporte de passageiros ainda são bastante embrionários. No entanto, a indústria já apresenta diversos modelos que podem revolucionar a aviação nos próximos anos.

Assim como nos carros, o grande desafio dos aviões elétricos está na autonomia da bateria. Os modelos atualmente em teste podem realizar apenas voos curtos, de pouco mais de uma hora. Como solução, algumas empresas têm adotado o modelo de motores híbridos, com energia elétrica e combustíveis tradicionais.

A meta da indústria é reduzir o consumo tradicional de combustível, baratear as passagens aéreas e reduzir a emissão de gases tóxicos ao meio ambiente. A Airbus, por exemplo, estima que seu avião híbrido emita 75% menos gás carbônico (CO2), 90% menos óxidos de nitrogênio (Nox) e gere 65% menos ruídos.

Airbus e-Fan

O avião elétrico da Airbus, o e-Fan, foi criado para utilizar motores elétricos. O modelo realizou seu primeiro voo de testes em abril de 2014, na França. Em julho do ano seguinte, o modelo fez sua primeira travessia sobre o Canal da Mancha, entre Inglaterra e França. A viagem de 74 quilômetros foi feita em 37 minutos a uma altitude de 1.000 metros.

O e-Fan pode atingir a velocidade máxima de 220 km/h e autonomia entre 45 minutos e uma hora de voo. O avião utiliza dois motores instalados sobre as asas com potência total de 60 kiloWatts (o Nissan Leaf tem potência de 30 kiloWatts).

Com capacidade para duas pessoas, o e-Fan mede 6,67 metros de comprimento, 2 metros de altura, 9,5 metros de envergadura de asa (distância entre as pontas das asas) e pesa 500 kg quando está vazio.

Airbus e-Fan X

A grande aposta da Airbus para a aviação comercial foi apresentada nesta terça-feira (28). A expectativa é que o novo e-Fan X realize seu primeiro voo em 2020. Os testes serão feitos apenas substituindo o motor de um avião comercial do modelo Bae 146, um avião de asa alta com quatro motores a jato. É o mesmo modelo que se acidentou com o time da Chapecoense há exatamente um ano.

Em um primeiro momento, a ideia é substituir um dos motores tradicionais por um motor elétrico de 2 MegaWatts. Com a evolução dos testes, um segundo motor também seria substituído. Assim, o avião voaria com dois motores a jato e dois motores elétricos.

O novo protótipo de avião híbrido será desenvolvido em parceria com as empresas Rolls-Royce e Siemens. Cada uma delas será responsável por uma parte do desenvolvimento do novo modelo.

Zunum Aero

A norte-americana Boeing desenvolve um projeto de avião elétrico em parceria com a startup Zunum Aero, com sede em Seattle, nos Estados Unidos. O primeiro avião em desenvolvimento deve levar até 12 passageiros com autonomia de voo de cerca de 1.200 quilômetros, capaz de fazer a rota entre Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro. A empresa espera que o primeiro voo comercial seja realizado em 2022.

A grande aposta da Zunum Aero é que seu avião ganhe mercado operando em rotas regionais com custos bastante reduzidos. A empresa tem planos de desenvolver outros jatos regionais híbridos, cada vez maiores e com mais autonomia.

Criada em 2014, a empresa apresentou os primeiros detalhes do seu projeto somente em meados deste ano. No entanto, ainda não revelou dados específicos sobre o novo avião, como dimensões e motores que serão utilizados. A expectativa é que, no primeiro momento, o avião seja híbrido, com um motor a jato e outro elétrico. Com o avanço da tecnologia, ele poderia se tornar totalmente elétrico.

Nasa X-57 Maxwell

A Nasa, agência especial norte-americana, desenvolve um avião equipado com 14 motores elétricos, sendo 12 menores ao longo das asas e dois maiores nas pontas. Segundo a Nasa, a intenção do projeto é que o X-57 tenha um aumento de 500% na eficiência do voo de cruzeiro em altas velocidades, emissão zero de carbono e um voo totalmente silencioso.

O projeto está sendo desenvolvido tendo como base o avião italiano Tecnam P2006T, originalmente equipado com dois motores convencionais nas asas. A intenção da agência norte-americana é apenas substituir os motores atuais pelos elétricos, sem outras grandes alterações no projeto do avião.

Segundo a Nasa, a vantagem de usar um projeto de aeronave existente é que os dados do modelo alimentado por motores a combustão tradicionais podem ser comparados aos dados produzidos pelo mesmo modelo alimentado por propulsão elétrica. “Isso permite que os engenheiros e pesquisadores da Nasa possam medir com precisão o aumento de eficiência com o uso do sistema elétrico”, diz a agência.</p><p>Ainda não há previsão para o primeiro voo de teste do avião com seus motores elétricos.

Wright Electric

O maior projeto de um avião comercial elétrico está sendo desenvolvido pela norte-americana Wright Electric. A empresa anunciou em setembro uma parceria com a companhia áerea de baixo custo EasyJet, do Reino Unido, para desenvolver um avião elétrico com capacidade para entre 120 e 186 passageiros. A capacidade é semelhante à do Boeing 737 ou da família Airbus A320.

Segundo a empresa, a expectativa é que nos próximos 20 anos todos os voos de curta distância sejam realizados com emissão zero de carbono. O modelo teria autonomia para distância de apenas cerca de 600 quilômetros, mas seria o suficiente para atender algumas das rotas mais movimentadas do mundo, como Nova York a Boston, nos Estados Unidos, entre Londres, na Inglaterra, e Paris, na França, ou mesmo entre São Paulo e Rio de Janeiro.

Com o desenvolvimento do novo avião elétrico, a EasyJet espera reduzir significativamente seus custos operacionais e baixar o preço das passagens. Apesar da autonomia reduzida, a executiva-chefe da companhia aérea, Carolyn McCall, afirma que o avião elétrico poderia atender 20% das rotas operadas pela EasyJet. A expectativa é que o avião possa operar comercialmente dentro de dez anos.

Fonte: Blog Todos a Bordo 29/11/2017

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