Infraestrutura

DECEA inaugura procedimento de aproximação orientado por satélites

O Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola em Joinville (SC) inaugurou ontem, 9, a operação de um procedimento de aproximação baseado no conceito RNP AR APCH (Required Navigation Performance Authorization Required ou Performance de Navegação Requerida).

A tecnologia, orientada via satélite, otimiza os procedimentos de aproximação e aumenta a probabilidade de pouso em condições de baixa visibilidade. Para a Região Sul, esse tipo de procedimento será utilizado nos aeroportos de Joinville (SC), Navegantes (SC), Maringá (PR) e Londrina (PR).

O voo inaugural da Latam Airlines Brasil, LATAM JJ3091, partiu de Congonhas (SP)  e utilizou o procedimento de aproximação por instrumentos para a cidade catarinense com várias autoridades a bordo. 

Entre elas, o chefe do Subdepartamento de Operações do DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), representando o Comando da Aeronáutica, Brigadeiro do Ar Luiz Ricardo de Souza Nascimento, e o Diretor Sênior de Operações e Treinamento da LATAM Airlines, Harley C. Menezes.

Em solo, aguardando a aeronave, estavam autoridades municipais e estaduais, como o Prefeito de Joinville, Udo Döhler, o vereador Ninfo König, o representante da Câmara de Vereadores, Volnei Francisco Batista, o representante do Governo do Estado de Santa Catarina e o Superintendente do Aeroporto, Rones Rubens Heidemann.

De acordo com o Brigadeiro Luiz Ricardo, o RNP-AR baseia-se no uso de tecnologia satelital de alta precisão embarcada nas aeronaves, o que traz um ganho significativo para os voos no que tange à acessibilidade aos aeroportos e à eficiência das aproximações, inclusive com relação ao meio ambiente. 

“Por usar satélites, o procedimento dispensa a aquisição de infraestrutura ou equipamentos de auxílio no solo. Dessa forma, não ficamos dependentes de novas instalações nos aeroportos, o que reduz os custos de aquisição e manutenção”, acrescentou.

Os procedimentos RNP AR APCH possibilitam maior exploração dos modernos sistemas de navegação das aeronaves e apresentam características mais flexíveis que os demais procedimentos de navegação aérea como, por exemplo, as trajetórias em curva (do tipo RF leg), maior precisão de navegação (que pode chegar a 185m) e trajetórias verticais em descidas estabilizadas (Baro-VNAV).

O Chefe da Subdivisão de Gerenciamento de Tráfego Aéreo (DO-ATM) do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo – CINDACTA II, Major Clóvis Fernandes Junior, explica que, na prática, os procedimentos RNP AR podem ser estabelecidos para aeroportos com dificuldades em relação aos obstáculos no seu entorno, onde outros tipos de procedimentos seriam inviáveis ou ineficientes.

“Esse foi um dos motivos da escolha do Aeroporto de Joinville para a implementação de procedimentos RNP AR, sendo o segundo aeroporto no Brasil”, esclareceu.

Os procedimentos para o aeroporto de Joinville, elaborados pelo DECEA e o CINDACTA II, possibilitam aproximações verticais estabilizadas (Baro-VNAV) e uma redução significativa nos mínimos operacionais (de 600ft para 300ft) para a pista 15, tornando as operações menos suscetíveis às condições meteorológicas aumentando a segurança e a eficiência das operações.

O voo inaugural contou com o empenho de uma equipe de trabalho multidisciplinar, que reuniu o DECEA, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a 

Associação Brasileira das Empresas Aéreas ( Abear), empresas aéreas e controladores de tráfego aéreo. 

Nesta fase, em especial, um importante avanço foi a aprovação RNP AR – concedida pela ANAC –  para que a LATAM opere este procedimento nos aeroportos que permitem a utilização da tecnologia. Isto representa um marco no trabalho coordenado pelo DECEA desde março de 2012, para a implementação de procedimentos RNP AR no Brasil.

“Acredita-se que as operações RNP AR serão ‘multiplicadas’ e passarão a fazer parte da rotina operacional dos principais aeroportos nacionais, o que trará benefícios para os usuários do espaço aéreo, como mais segurança e eficiência, redução das distâncias voadas e diminuição da emissão de CO2 na atmosfera”, explicou o Major Fernandes Junior.

Especificamente para Joinville, a expectativa é que a operação RNP AR diminua o cancelamento de voos e aumente a confiança das empresas aéreas e dos usuários da região, para que a utilização do aeroporto aumente gradativamente, trazendo desenvolvimento para a cidade e benefícios para a população.

Mais uma vez o DECEA demonstra que está atento aos avanços tecnológicos da indústria aeronáutica e da navegação aérea e, mais do que isso, está trabalhando de forma incansável para atender as expectativas e necessidades dos usuários do espaço aéreo.

Histórico

Os estudos para implantação deste procedimento começaram com um projeto de pesquisa científica sobre a aplicação do conceito RNP AR nos aeroportos nacionais, idealizado por um militar do DECEA durante um curso de aperfeiçoamento.

Foram selecionados para o projeto os aeroportos Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e o de Joinville, por possuírem semelhanças, tanto em relação à infraestrutura de pista quanto as dificuldades de relevo em seu entorno, que impõem restrições significativas às operações.

O relevo da cidade catarinense dificulta as operações do aeroporto, especialmente para a pista 15, que possui mínimos operacionais elevados (teto de 600ft) e não tem procedimentos com guia vertical de navegação (Baro-VNAV). 

A cidade possui condições meteorológicas adversas e o vento predominante favorece o uso da pista 15. Por esta razão, muitas vezes as aeronaves precisam arremeter para pousar em aeroportos alternativos. 

O estudo demonstrou que a implementação do conceito RNP AR em Joinville poderia trazer benefícios ao aeroporto, especialmente em termos de descida estabilizada, trazendo segurança e eficiência. 

A publicação dos procedimentos e o início das operações RNP AR em Joinville representam um importante passo da implementação desse conceito no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB). 

O resultado deste trabalho trará mais acessibilidade aos aeroportos, maior satisfação das empresas aéreas e dos passageiros e a ampliação do modal aéreo em todo o Brasil.

Fonte: DECEA 10/11/2017

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